Claudio Guedes
É um fato dos mais relevantes as duras e civilizadas críticas que Rodrigo Maia faz hoje a Sérgio Moro em entrevista na Folha.
Maia representa hoje o que pode ser definido como o "centro" político. É o político que espelha o pensamento do conjunto majoritário no parlamento, o grupo que realmente define as grandes votações no Congresso.
O crescente deslocamento de Maia a posições distantes de Moro é fato importante no isolamento do ex-juiz e ministro da Justiça. Este representa, com a consistência que não possui Bolsonaro & Fihos, a extrema-direita no país.
Isolar e derrotar Moro, politicamente, é passo importante na reconquista da democracia, abalada desde a farsa do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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“Para Maia, Moro e os membros da Lava Jato já deram demonstrativos de pressão indevida sobre o Congresso.
“O que eu espero é que se respeite a legitimidade do Parlamento, coisas que no passado, o grupo do entorno do ministro Moro, principalmente os procuradores, não respeitaram”, afirmou, lembrando que durante a discussão do pacote de medidas contra a corrupção elaborado pela equipe da Lava Jato, em 2016, o Legislativo barrou a proposta de uso de prova obtida de forma ilícita, desde que de boa fé.
“Naquelas Dez Medidas nós rejeitamos a prova ilícita de boa fé. Hoje eles criticam a prova ilícita de boa fé no caso do Intercept [que revelou a troca de mensagens entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol]. Você vê como são dois pesos e duas medidas que, se nós tivéssemos feito o que eles gostariam, hoje eles eram réus, não eram procuradores e ele não era ministro da Justiça.”” [Folha de S. Paulo, 6/10]
“Acho que o ministro Sergio Moro tenta, como sempre, [é] a estratégia permanente dele, a estratégia de um pouco de pressão, de tentar acuar as instituições democráticas deste país”, disse Maia, citando como exemplo a divulgação de mensagens que colocaram em xeque a isenção do ex-juiz na condução da Lava Jato em Curitiba.
(...)
Segundo Maia, a proposta do governo Jair Bolsonaro de afrouxar a punição de policiais que se excederem no exercício de suas funções, o excludente de ilicitude, deve ser vista com muito cuidado.
Sobre a relação inicial com Moro, Maia disse que ele começou o governo com uma visão distorcida sobre o que era o Congresso. “Ele achou que podia marcar a data da votação do projeto e como o projeto iria tramitar.”” [Folha de S. Paulo, 6/10]
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