O pior ministro
Contingenciamento é corte de orçamento. Descontingenciamento é reposição, total ou parcial, do corte feito. Administrar as verbas na boca do caixa é uma arte, mas não é plano de governo, projeto de país, medida ou ação, muito menos em áreas sensíveis ao conhecimento, à ciência. O ministro da Educação acertou quando chamou o corte o que aplicou a algumas universidades mas errou, quando advertido, ao tentar vincular não mais o corte, mas o contingenciamento, às universidades de cujo corpo discente desaprova a forma de viver. Esta semana o ministro errou de novo, uma constante em sua gestão, ao fazer um auê, como se fosse mérito seu, para anunciar parte da parte da reposição das verbas orçamentárias para universidades, e parte, da parte, da parte, das verbas de bolsas de pós-graduação da Capes. É de constrangimento o sentimento que preside as relações do dirigente do MEC com o resto do governo e com seu público particular.
Não por acaso, este é o pior ministro do governo Bolsonaro (Abraham) e o pior ministro da Educação dos últimos 40 anos (Weintraub).
Weintraub é mais grosso, errático e vazio que Vélez
O ministro só aparece criando conflitos. Volta e meia, quando sua situação está muito ruim, sai um pouco da cena de guerra para reaparecer, grandiloquente, anunciando números, pesquisas e acompanhamentos que os órgãos do MEC produzem historicamente. Nada é mérito seu. Por sinal, se há o que anunciar, deve aos seus antecessores.
A última do Weintraub tem sempre uma boa plateia, é diversão certa, para quem gosta do gênero. Mais folclórico que Ricardo Vélez, o preposto de Olavo de Carvalho na área de Educação, que o antecedeu e sucumbiu aos primeiros acordes do controle ideológico que pretendeu fazer da vida inteligente daquele mundo por ele governado. O atual ministro discursa e atua de forma mais contundente que o primeiro preposto olavista na Educação.
Weintraub não tem a metade da vivência de Velez nessa área, mas é mais duro, mais grosso, mais errático, mais vazio que ele. Ambos sofreram a falta de substância do governo, não foram por ele supridos pois entendido está que deveriam suprir Jair Bolsonaro.
Se alguém souber o que pretende Abraham Weintraub, deve contar para o presidente de forma que use a informação a seu favor. Jair Bolsonaro passa ao largo da Educação. Área do debate e do diálogo, a Educação, hoje, dá pena. Só tem perdas.
Quais os governos que o atual mais admira, cita e copia? Os militares. Pois a Educação encontrou campo fértil nas administrações de Esther de Figueiredo Ferraz, uma educadora respeitada, de Eduardo Portella, acadêmico e escritor, intelectual reconhecido, e Rubem Ludwig, um general educado, acostumado com as relações civilizadas, que levou para a Secretaria Executiva e para ajudá-lo em alguns escalões militares também traquejados nas atividades civis, como o coronel Sérgio Pasqualli.
Até os conflitos, inerentes a esta área, tinham nível. Certa vez, depois de ter a UNE (união nacional dos estudantes) gritando na porta do prédio do MEC, em greve já há alguns dias, o ministro Ludwig reagiu: “É a Carolina, o tempo passou na janela e só a UNE não viu”, disse resgatando o verso da música de Chico Buarque. O presidente da UNE, Aldo Rebelo, que depois seria deputado, presidente da Câmara, ministro de Ciência e Tecnologia, Esportes, Coordenação Política, Defesa, devolveu no mesmo tom, com verso de Noel Rosa: “Quem é você, general, que não sabe o que diz? Meu Deus do céu, que palpite infeliz”!.
Da briga poética do regime militar este governo nada preservou. Hoje o ministro dos estudantes é tosco, agressivo, não diz a que veio e deixa sua personalidade se sobrepor, sem cabimento, a qualquer conteúdo da sua gestão.
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