Inflação acelera a 0,64% em setembro e é a maior para o mês em 17 anos
Do UOL, em São Paulo
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, acelerou para 0,64% em setembro, após fechar em 0,24% em agosto. A taxa registrada é a maior para um mês de setembro desde 2003, quando o indicador foi de 0,78%.
A inflação novamente foi impulsionada pela alta de preços dos alimentos e dos combustíveis.
Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e se referem às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos.
Óleo de soja e arroz disparam
O grupo alimentação e bebidas subiu 2,28% em setembro e teve maior impacto (0,46 ponto percentual) sobre o IPCA, puxado pelo avanço nos preços dos alimentos para consumo em domicílio (2,89%).
As maiores altas no mês passado foram do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,3% e 40,69%. Juntos, arroz e óleo de soja (0,16 p.p) tiveram impacto maior que as carnes (0,12 p.p), cuja variação foi de 4,53%.
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta nos preços do arroz e do óleo está relacionada ao dólar alto e à maior demanda interna.
O câmbio num patamar mais elevado estimula as exportações. Quando se exporta mais, reduz os produtos para o mercado doméstico e, com isso, temos uma alta nos preços. Outro fator é demanda interna elevada, que, por conta dos programas de auxílio do governo, como o auxílio emergencial, tem ajudado a manter os preços num patamar elevado. No caso do grão de soja, temos ainda forte demanda da indústria de biodiesel.
Outros produtos que subiram na cesta das famílias foram o tomate (11,72%) e o leite longa vida (6,01%). Por outro lado, caíram os preços da cebola (-11,8%), da batata inglesa (-6,3%), do alho (-4,54%) e das frutas (-1,59%).
Moradia, transportes e vestuário mais caros
Além de alimentos e bebidas, seis grupos tiveram alta em setembro. Destaque para os artigos de residência (1%), os transportes (0,7%) e habitação (0,37%). Itens de vestuário, após quatro meses consecutivos de quedas, também apresentaram alta de 0,37%.
"Nos transportes, os combustíveis continuam em alta, principalmente, a gasolina (1,95%), cujos preços aumentaram em todas as áreas pesquisadas, exceto Salvador. A gasolina é o subitem de maior peso no IPCA. As passagens aéreas (6,39%) também aumentaram após quatro meses em queda. Lembrando que a coleta de preços das passagens aéreas é feita com dois meses de antecedência. Os preços foram coletados em julho para quem ia viajar em setembro", detalha Kislanov.
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