segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Romantizar as derrotas como semente de vitórias futuras é inútil e ridículo
O PARADOXO DO POVO
Foi o povo - não a mídia, nem os setores reacionários da burguesia nacional - que derrotou as candidaturas de esquerda que conseguiram, aos trancos e barrancos, chegar ao segundo turno das eleições municipais.
O povo, o povão, a plebe, as classes oprimidas das periferias dos grandes centros urbanos: Rio, São Paulo, Recife, Porto Alegre. Sem falar em praças menores, mas não menos importantes, como São Gonçalo, no Rio de Janeiro; e Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia.
Qualquer tentativa de romantizar essas derrotas como sementes de vitórias que virão cairá, inevitavelmente, naquele vão da História onde vivem o inútil e o ridículo.
A derrota é um aprendizado duro, a ser vivido em todo o seu amargor. A derrota exige vingança, não poesia.
Nem frente ampla, nem gabinete do amor: as esquerdas precisam sair urgentemente dessa armadilha do bem-querer e ocupar os grotões de miséria - nas cidades, nos campos, nos quartéis - com organização e doutrina revolucionárias.
Onde houver uma igreja neopentecostal, tem que haver um núcleo de ação política dos partidos e dos sindicatos. Para cada aleluia, um zap de consciência, um brado de trabalhador. Na saída de cada culto, uma bandeira de luta.
É preciso superar o mito do diálogo com um lumpesinato manipulado pelo capital e pela religião. Essa multidão de esquecidos que, eleição após eleição, é convencida a votar no opressor, bovinamente.
A teoria da prosperidade, essa ratoeira mental montada por pastores de direita, não vai ser desarmada com conversa mole e memes engraçadinhos nas redes sociais.
Vai ser desarmada nas favelas, nos presídios, nas escolas e nas ruas com planejamento e luta organizada.
O resto é lacração.
Eleição e luta de classes
Pesquisa eleitoral não é ciência, empresas ganham dinheiro manipulando interesses
domingo, 29 de novembro de 2020
Brasil, 2020
A democracia e a vida política acabaram. Estamos em um Estado de exceção e nem a esquerda quer admitir. A mídia delineou opções palatáveis para o público e vendeu todas as imagens que produziram sobre o PT, Bostô, corrupção, privatismo, mercado. A Globo venceu. O país é dela.
Marília Campos, do PT, é eleita prefeita de Contagem
Em disputa acirradíssima, deputada estadual petista é eleita com 51,35% dos votos. Felipe Saliba, do DEM, teve 48,65%
Marília Campos foi prefeita de Contagem por outras duas vezes seguidas, entre 2004 e 2012
O segundo turno da eleição em Contagem (MG) deu vitória à deputada estadual Marília Campos (PT). Ela e seu vice, o fisioterapeuta Doutor Ricardo Faria (PCdoB), receberam 51,35% dos votos neste segundo turno. A disputa com o advogado Felipe Saliba (DEM) e seu vice, o vereador Capitão Fontes (Podemos), foi apertada. A chapa derrotada recebeu 48,65% dos votos.
Marília Campos foi prefeita de Contagem por duas vezes seguidas, entre 2004 e 2012. Psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), presidiu o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte por dois mandatos (1990 e 1995). Foi vereadora por Contagem, eleita no ano 2000, e três vezes deputada estadual. Novamente prefeita, Marília Campos afirma que seu programa de governo envolverá atores de cada política pública, e o acesso ao orçamento será democratizado. Entre seus compromissos está a revisão do Plano Diretor por meio de uma conferência municipal para discutir a política urbana. Na área da saúde quer ampliar a capacidade de atendimento para consultas especializadas e cirurgias eletivas. Melhorar acesso à educação infantil e planejar a construção de mais escolas está entre seus objetivos. Pretende ainda modernizar a gestão, lembrando que Contagem tem a terceira maior arrecadação do estado, mas a prefeitura não está informatizada
Um dos mais populosos
Com cerca de 664 mil habitantes – 427.575 são eleitores –, Contagem é o terceiro município mais populoso do estado de Minas Gerais e pertence à Região Metropolitana de Belo Horizonte. Seu limite geográfico confunde-se com o da capital mineira, diante do crescimento horizontal da cidade que conta com um grande parque industrial. Além da indústria, a economia de Contagem tem forte base no comércio. Entre os produtos para exportação que saem do município, destacam-se veículos de grande porte para construção.
Marcelo de Oliveira, do PT, é eleito prefeito de Mauá-SP
Marcelo Oliveira (PT) é eleito prefeito de Mauá, no ABC Paulista, com 50,74% dos votos após 100% da apuração. Átila Jacomussi (PSB) recebeu 49,26% dos votos neste domingo (29).
Marcelo Oliveira tem 48 anos, é casado, tem superior completo e declara ao TSE a ocupação de vereador. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 1.152.291,90. A vice é Celma Dias (PT), que tem 65 anos.
A eleição em Mauá teve 28,26% de abstenção, 5,04% votos brancos e 12,99% votos nulos.
A vitória de Oliveira traz o Partido dos Trabalhadores de volta ao comando da cidade após as gestões do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), que governou Mauá por três vezes, entre 1997 a 2000, 2001 a 2004 e de 2009 a 2012.
Filippi Júnior vence em Diadema com 51% dos votos; PT volta ao poder no 1º município conquistado pelo partido em 1982
G1
O petista José de Filippi Júnior venceu o 2º turno da eleição em Diadema, na Grande SP, neste domingo (29) e voltará a governar a cidade pelos próximos 4 anos após derrotar o candidato Taka Yamauchi (PSD). Com 99,38% das urnas apuradas, o petista teve 51,32% dos votos válidos contra 48,68% do candidato do PSD (veja resultado final da apuração aqui).
Com a vitória, o PT volta ao poder na cidade depois de oito anos. Nas últimas duas eleições, a disputa tinha sido vencida por Lauro Michels Sobrinho (PV), em 2016 e 2012.
Ex-secretário de Saúde da cidade de São Paulo na gestão do petista Fernando Haddad e ex-tesoureiro de campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em 2010, Filippi Júnior já tinha sido prefeito de Diadema outras três vezes, ganhando as eleições de 1992, 2000 e 2004.
Esse será o quarto mandato de Filippi e o sétimo do PT na cidade, que também foi administrada por Mário Reali (2009-2012), José Augusto da Silva Ramos (1989-1992) e Gilson Correia de Menezes (1983-1988).
Diadema foi a primeira prefeitura conquistada pelo PT no Brasil, na eleição de 1982, primeira disputa eleitoral do partido, criado em 1980.
O inventor da "cavadinha"
📆 #OnThisDay in 1976
— Goal (@goal) June 20, 2020
The first "Panenka" penalty ever 😎pic.twitter.com/lSIltcFi4W
The Rolling Stones - Sympathy For The Devil
A impunidade do governo está assegurada, protegida pelo esquecimento fácil
Escândalo sobre testes entulhados não durou, e retorno das contaminações deve-se, em parte, à falta de informação
sábado, 28 de novembro de 2020
Não é só o nosso racismo que é estrutural, nosso negacionismo também é
Negar o racismo que presenciamos todos os dias na sociedade já era ideia fixa dos militares durante a ditadura de 64. Contra essa paranoia ainda não inventaram uma vacina.
Sérgio Augusto
Burrice abunda em Londres
LIVE IN LONDON--Anti-lockdown protests. #londonprotest pic.twitter.com/wXCtN2EyFU
— The Dispatcher HQ (@TheDispatcherHQ) November 28, 2020
A violência abunda em Paris
Mácron disse que a imagem de policiais espancando Michel “envergonham a França” mas esse tipo de ação do vídeo pelo jeito não...pic.twitter.com/eaAOdsbkLG
— Nathália Urban (@UrbanNathalia) November 28, 2020
NEW: Protest in Paris turned into chaos pic.twitter.com/BAHz5dVaj9
— Norbert Elekes (@NorbertElekes) November 28, 2020
Por que a China derrotou o Coronavírus e o seu país não
Nunca houve governante pior do que Crivella
Nenhum governante na história do Rio construiu uma imagem tão negativa
A balada de Diego Maradona
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
O identitarismo é reacionário
Tem circulado nas redes um desenho com os candidatos progressistas no segundo turno. Boulos aparece em primeiro plano, no centro, ladeado por Manuela e Marília Arraes, e os outros atrás.
Um poeta, cuja obra aliás admiro, compartilhou o desenho entendendo-o como se fosse material de campanha de Boulos. Seria o candidato do PSOL rodeado de apoiadores.
O poeta reclama, então, da falta de representatividade dos rostos ali desenhados, acusa a esquerda de ser racista e anuncia a vontade de votar nulo. Seguem-se dezenas de comentários na mesma linha.
Eu escrevi um comentário de duas linhas contextualizando o desenho - e recebi uma resposta grosseira, agressiva. Tá certo. Quem mandou atrapalhar a lacração alheia?
Sim, a elite política brasileira é desproporcionalmente branca, mesmo à esquerda. Os esforços para mudar essa realidade estão avançando, mas ainda no começo.
Por outro lado, não se pode ignorar que a esquerda lançou candidaturas negras a prefeituras tão importantes quanto Rio de Janeiro, Salvador ou Belo Horizonte. Mas não passaram ao segundo turno.
É possível discutir o porquê desse resultado. Mas o que se poderia esperar de um desenho representando os candidatos pelos quais podemos torcer no segundo turno? Vamos matar o mensageiro?
No desenho faltam negros e pessoas LGBT, escasseiam mulheres. Não há dúvida.
Também não há dúvida de que a candidatura de Boulos não é perfeita. Na verdade, com exceção das suítes para violoncelo de Bach, de algumas gravações do quinteto de Miles Davis nos anos 1950 e de paçoca, nada que é humano é perfeito.
Mas o ponto é: quais são as candidaturas que prometem maior avanço nas pautas da igualdade racial e de gênero e de combate às discriminações?
Também não há dúvida. É Boulos em São Paulo, as Marílias no Recife e em Contagem, Manuela em Porto Alegre, Margarida em Juiz de Fora, Edmilson em Belém e assim por diante.
Mas há quem opte por se escorar numa pretensa radicalidade, a se manter nela mesmo à base de interpretações enviesadas - e, às vésperas de um segundo turno histórico, prefira sabotar a candidatura de Boulos a trabalhar por ela.
A atenção dada a outros eixos de dominação social, além do de classe, tem feito a esquerda avançar. É essencial. E temos que ser capazes de conviver com uma pluralidade de hierarquização de agendas dentro do nosso campo.
Mas o identitarismo raso e autocomplacente é, estou cada vez mais convencido disso, uma forma de quintacolunismo, que só serve à direita.
A mão de Deus e o pé de Exu
Argentina 2 X 1 Inglaterra. Copa de 1986: a mão de Deus e o pé de Exu. pic.twitter.com/oA17c8VfWH
— LUIZ ANTONIO SIMAS (@simas_luiz) November 27, 2020
Vilarejo na Áustria muda de nome por causa de turistas
Na tradução em inglês, nome do local tem significado pornográfico; placas com o nome do local eram constantemente roubadas por turistas
Um sem-teto no Planalto
Bolsonaro tenta infinitos modos de destruição
Nível de desorganização deste governo federal é preocupante
O Brasil não é um país seguro para negros e negras nem na hora das compras
O racismo não é uma questão pontual ou um efeito da desorganização social, mas é o próprio modo de ser da sociedade brasileira
O Brasil é um país que se organizou de forma especialmente hostil contra a população negra. Isso pode ser visto desde a violência presente nas relações cotidianas até no escárnio e negacionismo demonstrado pelas mais altas autoridades da República quando se referem ao tema. O racismo não é uma questão pontual ou um efeito da “desorganização social”, mas é o próprio modo de ser da sociedade brasileira.
O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, nas dependências do supermercado Carrefour no último dia 19 de novembro, não foi o primeiro caso de violência racial em circunstâncias parecidas. Mas o fato de ter ocorrido no Dia da Consciência Negra e no ano marcado pelos protestos contra o assassinato de George Floyd nos EUA permitiu que se pudesse atentar de modo mais detalhado para a repetição de elementos comuns nesses casos de violência, algo que reforça a existência de uma estrutura racista.
O primeiro dos elementos sempre constantes nesses casos é o envolvimento de agentes de “segurança” privada. A ideia de segurança que norteia a ação de tais agentes tem foco nas mercadorias e não nas pessoas, e resulta de uma sociedade que trata negros como inimigos. Não é por acaso a ligação entre empresas de segurança privada e agentes da segurança pública. A ideia que se tem de segurança não se desvincula do racismo.
Para os negros tornou-se comum a vida em um mundo em que se casam terror e circulação mercantil.
Nesse mundo, a humanidade para o negro só dura entre o primeiro e o último produto a passar pelo caixa.
Grande parte dos negros sabe a que me refiro: nossa sina é ficar nos corredores dos mercados temerosos e sendo perseguidos, medindo cada gesto, pensando em cada movimento para não parecer “suspeito” e, assim, evitar ser humilhado ou agredido.
Outro elemento que se repete é a equação entre precarização do trabalho e terceirização. O trabalho precário e a não responsabilização pelos atos cometidos pelos agentes da prestadora de serviço, é um fator que em muito contribui para casos de violência.
Por esse motivo, é preciso avançar para um sério debate sobre como a terceirização contribui para que o racismo continue a ser um “crime perfeito”, parafraseando o professor Kabengele Munanga. Nesse sentido, acredito que o reconhecimento da responsabilidade jurídica dos tomadores de serviço é um elemento fundamental de práticas antirracistas.
E se ainda não bastasse, as mais altas autoridades da República resolveram negar a existência de racismo no Brasil. Há mais do que desrespeito nessas afirmações. Existe a vocalização de um pacto pela morte, uma vez que a negação do racismo é um salvo conduto para que negros e negras continuem sendo assassinados sem que ninguém assuma a responsabilidade.
O Brasil não é um país seguro para pessoas negras. E é importante não apenas que o mundo saiba disso, mas que sejam criadas estratégias que tratem o racismo em toda a sua complexidade.
Silvio Almeida
Professor da Fundação Getulio Vargas e do Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
A esquerda burguesa, comentarista da História, desconhece o Coração das Trevas do Brasil real
Elio Gaspari: os comandantes e o tenente Andrea
A cena, gravada em setembro num quartel da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, está na rede. O segundo-tenente André Luiz Leonel Andrea derruba e espanca uma mulher algemada (pelo menos sete socos e dois chutes). Outro PM segura a senhora enquanto ela é esmurrada, até que uma policial militar contém o oficial. O comando da corporação diz que só soube do episódio semanas depois e tirou o tenente do comando do pelotão da cidade de Bodoquena. Quanto à senhora, explicou o comando, era uma desordeira, estava bêbada e desacatou os policiais. Era por isso que estava detida e algemada. Admitindo que essa versão é verdadeira, só faltava que apanhasse porque foi comprar cloroquina.
Também está na rede outro vídeo, de março. Nele, o tenente Andrea explica à população de Bodoquena as regras do toque de recolher imposto pela pandemia. É outro homem. Fala pelo menos 15 vezes em leis ou decretos, cita a Constituição e, em 13 ocasiões, pede bom senso a todos. Vendo-o, sente-se uma ponta de orgulho pelo agente da lei.
A Polícia Militar não tem generais, mas há muitos deles na cúpula de um governo que estimula a violência do Estado num país de maricas. A eles e aos coronéis das Polícias Militares, cabe cuidar da ordem dentro de suas corporações. Qual tenente Andrea querem formar? O que fala em leis e bom senso ou o que esmurra uma mulher algemada?
Na tarde de 31 de março de 1964, o tenente Freddie Perdigão Pereira tinha 28 anos e comandava os tanques mandados para os portões do Palácio das Laranjeiras para proteger o governo do presidente João Goulart. Tornou-se um torturador do DOI e esteve nas cenas da prisão do deputado Rubens Paiva, em 1971, e do atentado do Riocentro, dez anos depois. Perdigão era um tipo alterado, mas virou o que virou pela tolerância e pelo estímulo dos comandantes militares da ocasião.
Passou o tempo, mudou o regime, e todo o entulho dos crimes praticados pela ditadura foi para a biografia de tenentes, capitães e majores. Fritaram a gaveta de baixo. Quando muito, disseram que os ampararam “sub-repticiamente”.
A violência policial já foi terceirizada com milícias particulares de empresas cujos diretores circulam em Davos dando aulas ao mundo. Na estrutura da segurança pública, ela continua no cotidiano das periferias das cidades ou em salas de delegacias e de quartéis como o de Bodoquena. Há anos ela se manifesta também nos motins de policiais militares que recebem o beneplácito de hierarcas e são invariavelmente perdoados por anistias votadas pelo Congresso ou pelas Assembleias Legislativas.
Será difícil convencer um jovem tenente a respeitar um preso se seus superiores levam semanas para examinar um vídeo gravado no quartel e protegem-no dentro do limite do possível.
Faz tempo, um oficial que fez fama num DOI caiu num comando do general Antônio Carlos de Andrada Serpa, e ele lhe disse que aquela função poderia trazer problemas para sua carreira. Em 2014, o oficial relembrou: “Eu respondi que fiz tudo direito, só recebi elogios e fui condecorado, portanto o Exército cuidaria de mim. Ele me disse: ‘Deus queira que você tenha razão’. Hoje eu me dei conta de que ele sabia do que falava”.
Diplomacia da extrema direita aproxima o país de prejuízos reais
Para ex-embaixador, política externa funciona à base de 'alucinações, fantasias e teorias conspiratórias'
Começa a bater um desânimo
Inflação da comida, auxílio no fim e falta de emprego desanimam brasileiro
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
O dia em que o futebol morreu
Adeus Diego, nos lembraremos do dia 25 de novembro de 2020 como o dia em que o futebol morreu. Maradona era muito mais que um jogador de futebol, ele era único, era um herói do século 20, um humilde proletário que redimiu sua humilde condição e que através do futebol deu alegria e felicidade ao mundo. Para Nápoles, ele era tudo, ele era o resgate, a vingança, o moleque que triunfa sobre tudo, seu protetor. Nápoles colocou Maradona ao lado de San Gennaro e Caruso. Ele era o coração da Argentina, o comandante dos humildes. Um Che Guevara no mundo dourado do futebol. Anos heroicos, extraordinários: foi uma sorte poder vê-lo e admirá-lo, foram os anos mais belos de nossas vidas.
Sabíamos disso em nossos corações há muito tempo, mas não queríamos confessá-lo. Diego estava vivo, mas estava correndo para o final. Toda sua vida - sempre a 300 por hora, incrível, emocionante, absurda, vivida em um só fôlego - foi uma longa corrida rumo à morte, brincou tanto com sua vida, desgastou-a, viveu-a tanto que aquele dia chegou muito, muito cedo: hoje, quarta-feira, 25 de novembro. O dia em que o futebol morreu. (*)
Não poderia ter sido de outra forma, infelizmente. Diego Armando Maradona fez maravilhas com seu corpo e inteligência, mas ele abusou desse mesmo corpo, persistindo perigosamente com drogas e álcool. Diego sempre reuniu os extremos mais distantes, o céu e o inferno. Mas o céu o deu a todos, ao mundo inteiro e o inferno o reservou apenas para si mesmo. É por isso que todos o amavam, o admiravam, o adoravam como um deus, uma religião. Um deus bom, generoso, não arrogante, não arrogante, que abraçou o povo.
Maradona era um deus pagão, um ícone do século XX, um símbolo, um Che Guevara da bola (ele o tinha tatuado em seu braço), um proletário liderando uma revolução, o pobre homem que redime sua humilde condição e se torna um herói do esporte. E não apenas isso. Para Nápoles Maradona foi o resgate, dois Scudetti e uma Copa da UEFA que elevaram a cidade de uma condição de subordinação, muitas vezes humilhação, para o colocar ao lado de San Gennaro e Caruso. Não havia ninguém mais napolitano do que Maradona em Nápoles: uma história de amor perfeita, total e pungente.
Como um jogador de futebol, Diego não era perfeito, era muito mais. Porque Diego nunca foi apenas um conjunto de qualidades técnicas, parando e driblando, ele era um catalisador, um espírito guerreiro, ora zangado e ora divertido. Sempre se disse que ele ganhou sozinho a Copa do Mundo para a Argentina, o que não é verdade, mas que a lenda transmitiu assim. O clímax foi o famoso jogo com a Inglaterra: o gol mais bonito da história e o mais trapaceiro da história "la mano de Dios".
(*) Na história do rock existe "O dia em que a música morreu". É 3 de fevereiro de 1959, quando o avião em que Buddy Holly, The Big Popper e Ritchie Valens viajavam caiu. Em 1970 Don McLean lembrou-se disso em sua American Pie, The Day The Music Died.
Apelo aos cirandeiros do Leblon e Vila Madalena: deixem São Gonçalo em paz!
Faço um apelo aos camaradas e os petistas de alta casta de São Paulo e das zonas centrais do Rio de Janeiro, continuem cuidando do CIRANDAÇO do Boulos aí e deixem São Gonçalo em paz.
Deixa a política periférica do Rio para quem entende. Gente que só entende de política de ler em livro não serve neste momento. É igual ir à restaurante para ficar lendo o cardápio. Vão rodar o bundaço no Largo da Batata, com suas boinas de Cuba e seus braços em riste, porque em São Gonçalo a BALA VOA. São mundos, países, planetas diferentes.
Só uma coisa explica essa catarse coletiva pela carta assinada do Dimas, os caras são tão fanáticos por NOTAS DE REPÚDIO, que só eles levaram a sério a tal carta dos crente.
O caso São Gonçalo é emblemático e revelador do tal "Brasil profundo":
- Pessoas progressistas da região e de todo o subúrbio do Grande Rio defendendo o Dimas, desesperados com o possível retorno de um chefe de grupo de extermínio ao poder municipal.
- Socialistaços e cirandeiros ilustrados, intelectuais da USP e do IFCS com salários de dois dígitos, gente que não mora na região e vive em bolhas de classe alta, indignados com o Dimas. De perninha cruzada, fumando cigarro de cereja, recitando tropicália, Butler, Trotsky e Neruda, dizendo: "assim eu não quero, assim eu não admito".
Vão à merda. Vão andar de Papa Móvel com a Erundina, aproveitem e façam pole dance como a Marta, só não passem COVID pra Erundina porque ela é grupo de risco.
Aí depois não sabem porque as militâncias ficaram em pé de guerra no 1° turno em São Paulo, olha a arrogância dos cabras. Olha como essa turma conduz o debate.
Quero que o Boulos vença, mas se perder, vocês já sabem o motivo. Vai botar esse tipo de gente aí pra conversar com o povo, é óbvio que vai dar merda.
O que eu oriento aos meus amigos mais jovens que estão se interessando por política é, ou construam um partido novo, com as ideias de vocês, longe dessa cacalhada.
Existe espaço para uma esquerda verdadeiramente popular, não sectária, com diálogo, com gelada no copo e consonância com o povão, que se adapte ao mundo real, livre de uma visão eurocêntrica da coisa e sem tirar do bolso mais de 900 livros que ninguém mais liga, ninguém mais lê.
E esse caminho não está nos partidos tradicionais, ou melhor, em NENHUM dos partidos existentes.
Gigante
Um monstro, uma máquina, uma besta enjaulada. Maradona é responsável pela maior atuação individual da história das Copas. O mundo do futebol nunca esquecerá o legado dessa lenda. pic.twitter.com/rrDdz2Lytj
— Curiosidades Europa (@CuriosidadesEU) November 25, 2020
"Maradona jamais será esquecido", diz Lula
Diego Armando Maradona foi um gigante do futebol, da Argentina e de todo o mundo, um talento e uma personalidade única. A sua genialidade e paixão no campo, a sua intensidade na vida e seu compromisso com a soberania latinoamericano marcaram nossa época.
No campo, foi um dos maiores adversários, talvez o maior, que a seleção brasileira já enfrentou. Fora da rivalidade esportiva, foi um grande amigo do Brasil. Só posso agradecer toda sua solidariedade com as causas populares e com o povo brasileiro. Maradona jamais será esquecido.
Morreu o gigante Maradona
Maradona foi o primeiro gigante que vi. Depois que saiu dos gramados, contrariando a lógica, se agigantou ainda mais. Colosso. Titã. Diós.
— Fernando L'Ouverture (@louverture1984) November 25, 2020
Que tristeza... Fosse esse um mundo melhor, decretaríamos luto em todos os países.
Sempre presente, Maradona. https://t.co/rXy1Bta1TJ
Com Maradona se vai um pouco da vida de quem viveu o tempo dele. Um dos gênios mais dramaticamente humanos do futebol _sim, eu o vi em campo. Como escreveu o Renato Russo: quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lágrima. Gracias, Diego. Gracias para sempre. pic.twitter.com/uUW91qLASD
— Mário Magalhães (@mariomagalhaes_) November 25, 2020