Numa reunião na Suécia sobre a próxima decisão brasileira quanto à Internet 5G – ela mesma inusitada, como todas as iniciativas recentes de Brasília em política externa –, o Ministro das Comunicações, Fabio Faria, entregou a Marcus Wallenberg, “em nome do presidente Jair Bolsonaro”, um pedido de socorro em vacinas da Astrazeneca – essas que a Fiocruz começa a fabricar no Brasil com base em contrato de transferência de tecnologia com cláusulas denunciadas agora como nebulosas.
A família Wallenberg participa da composição acionária e influi na gestão tanto da Astrazeneca quanto da Ericsson, concorrente da chinesa Huawei na disputa do contrato brasileiro para instalação da rede da 5G, este ano. Uma terceira negociação, que não pode ser dissociada, é a da transferência de tecnologia para jatos supersônicos da Saab-Gripen ao Brasil.
No quadro da guerra tecnológica em curso, a Ericsson e a finlandesa Nokia, são as preferidas dos Estados Unidos, embora haja consenso de que a tecnologia chinesa é mais avançada e seja a que equipa quase todos os esquipamentos sensíveis das telefônicas brasileiras.
No dia seguinte, o Ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, fez pedido similar ao embaixador da China, onde se fabrica a Sinovac (no Brasil, licenciada ao Instituto Butantan) e o presidente da Câmara Federal, Artur Lira, escreveu-lhe comovedora carta pedindo ajuda.
Há que comentar os personagens: Fábio, genro de Sílvio Santos e representante (deputado) da oligarquia do Rio Grande do Norte que se opõe à atual governadora, Fátima Bezerra do PT; Lira, notório político, com extensa folha corrida. De Pazuello, muito se vem falando ultimamente.
E o nível em que as negociações são conduzidas – misturando estações, em atmosfera nebulosa e fugindo a responsabilidades em assuntos sérios –, clara indicação de que nada será como vai parecer.
Prostitutas bem sucedidas e vendedores de carros usados costumam ter desempenho mais sutil.
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