Houve muita gente que apostou em Jair Bolsonaro como vacina contra os avanços sociais das gestões do PT. O dinheiro gordo; tucanos arrepiados; a escumalha parlamentar de sempre e a chusma de fanáticos que existe em qualquer país.
Essa mescla de interesses tinha por trás o apoio do grande capital financeiro, o americano principalmente. Bolsonaro foi eleito com base numa fraude digital gigantesca, arquitetada por gente como Steve Bannon, o Olavo de Carvalho de Donald Trump. Impediram Lula de concorrer às eleições com a ajuda do serviçal Sergio Moro.
Dispensável recordar as evidências de que a Lava Jato ignorou todas os protocolos de um processo legítimo e agiu como comparsa do Departamento do Estado americano para transformar Lula em inimigo público número um.
O “serviço” foi feito. Mal feito, porém.
Bolsonaro começou a cair de fato quando Donald Trump foi expelido da Presidência americana. O capitão expulso do Exército como terrorista e considerado “mau militar” por gente até como o ditador Ernesto Geisel ficou pendurado na brocha.
De lá pra cá, uma derrota atrás da outra. Os processos que mostram a roubalheira orquestrada por ele, Jair, e sua família ao longo da carreira de 30 anos como parlamentar são claros como a luz do sol. A desmoralização do Brasil no cenário internacional em todos os sentidos fala por si só.
Bolsonaro é medíocre. Pior: se orgulha disso, como seu ex-chanceler que festejava a condição de pária internacional. Identifica isso como “voz do povo”. Trata o Exército como “meu exército”, o que envergonha até o recruta recém-alistado. É imprestável. Serviu durante algum tempo, enquanto Trump esteve no poder, como aqueles pinchers que celebridades duvidosas seguram no colo em fotos de revistas.
Mas o fogo da batata começou a assar mais alto. A história tem suas leis e os cozinheiros fazem diferença. A turma que comandou o golpe contra uma presidenta legitimamente eleita está hoje contra a parede. O manifesto recém-publicado pedindo mudanças, assinado por banqueiros, empresários, economistas, é de uma hipocrisia exemplar.
Querem que Bolsonaro deixe de ser Bolsonaro. Durante 30 anos ele sempre disse o que defendia. Está pondo mãos à obra: “Vim para destruir, não para construir”. A parte dele ele está cumprindo...
O desgoverno chegou ao ponto de a grande mídia transformar as Forças Armadas em avalistas da democracia! Leiam a Constituição, por favor, cujos defeitos aparecem a céu aberto. O presidente da República é o comandante em chefe desta turma. Ao endossarem Bolsonaro nas eleições, o capital especulativo, o Judiciário subserviente, o Parlamento obediente e a grande mídia legitimaram o que vinha pela frente.
Se o país chegar ao ponto de aceitar que a democracia depende das Forças Armadas, pouco pode ser feito. Os militares estão infiltrados em todos os escalões. Militares de segunda categoria, da linha “uns mandam, outros obedecem”. O povo, ora o povo.
As Forças Armadas, que têm as armas na mão, “obedecem aos que mandam”. Analogias sempre são complicadas quando se comparam momentos diferentes. Em 1964, João Goulart, presidente, era o “comandante em chefe” da turma verde oliva. Mesmo assim foi deposto pelos golpistas através de Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara. Mazzilli foi chamado de “canalha” pelo então parlamentar Tancredo Neves quando destituiu um presidente eleito que estava em território brasileiro e jamais atentou contra a Constituição em vigor.
Muito cuidado nessa hora.
Transformar as FFAA em fiadoras da democracia é apertar a corda em torno do pescoço. Ou a sociedade civil verdadeira começa a se mexer a favor da liberdade, da diversidade, da defesa da vida, da luta contra a pandemia, do combate ao autoritarismo e ao arbítrio; ou então os dias serão piores do que já estão.
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