quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Apoiar Bolsonaro não é posição política e não merece respeito


Nelson Nisenbaum

ISTO NÃO É POSIÇÃO POLÍTICA!
O Bolsonarismo em menos de 30 dias de governo mostrou a tomada do estado por teocratas, ignorantes, apoiadores de milícias, entre outras fraudes intelectuais.
Há 30 anos o Brasil decidiu se transformar e construir um novo modelo constitucional que em seu processo abraçou o grande cabedal democrático e civilizatório do pós-guerra, além de outros valores civilizatórios e estruturantes, ou seja, uma agenda direcionada a promover uma sociedade tendo como norte permanente o bem-estar social, a paz, a fraternidade, a solidariedade e o distributivismo, para ser bem sintético.

Ora, naquele momento, a sociedade e os participantes desse processo, faziam uma opção política. De lá para cá, inquestionáveis avanços foram conquistados e que se refletem na melhoria geral das condições de vida para grandes parcelas da sociedade. Conquistamos tudo? Claro que não. Resolvemos todos os problemas? Claro que não. Mas tomamos uma direção e andamos parte do caminho.

Estabelecido este marco e consolidadas as conquistas, não se pode admitir que adotar uma agenda de retrocesso seja classificado e compreendido como uma posição política. Pois no contexto mais avançado, apostar no retrocesso cultural e civilizatório passa a ser uma forma de antipolítica. Trata-se de um atentado, trata-se de uma agenda de destruição. É uma arma apontada para a sociedade!

Com o passar do tempo, muitas definições são transformadas. Eu, como médico, não posso indicar aos meus pacientes terapêuticas e práticas que a ciência demonstrou serem ineficazes ou ainda nocivas, mesmo que elas já tenham sido adotadas antes. Assim, não posso mais chamar de “prática médica” algo que é comprovadamente deletério à pessoa.

É claro que tanto nossa Constituição como nossa complexa realidade ainda exibem um amplo leque de insuficiências e possibilidades. Para darmos cabo da tarefa de completar e avançar é que temos que fazer opções políticas, que por definição já não podem contrariar os fundamentos e alicerces que a sociedade JÁ escolheu previamente.

Assim, para a minha lógica e estrutura de valores, não posso ter o compromisso de tratar qualquer agenda que ofereça qualquer risco de solapamento dessa estrutura que construímos com tanta luta de forma complacente e “educada”, mais ainda quando se trata de pessoas com suposto saber, formal ou informal.

Obviamente não vou gastar meu tempo e energia no ataque direto, diuturno e contínuo aos bolsonaristas. Não vou dividir minha família, não vou furar o pneu do vizinho, não vou deixar de cumprimentar e tentar dialogar. Não vou retroceder nos meus valores. Mas não me peçam para que eu entenda o bolsonarismo como posição política, por que não é. O Bolsonarismo, que em menos de 30 dias de governo mostrou a tomada do estado por teocratas, ignorantes, apoiadores de milícias, entre outras fraudes intelectuais, e não por falta de aviso de todo o setor progressista da sociedade, não merece respeito. Não o meu, pelo menos.

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