Censura do governo asfixia a arte e ameaça a liberdade
A censura está se espalhando por diversos órgãos do governo. Isso tudo é muito assustador. É assim que as liberdades morrem, com o poder sufocando a arte.
A Caixa estabeleceu a censura prévia. Uma equipe acompanha o posicionamento político de artistas para decidir se o banco apoiará suas produções artísticas. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, explicou que os espetáculos patrocinados não podem ter posicionamento político.
Por essa regra, até clássicos serão censurados. A obra Édipo Rei, escrita por Sófocles 400 anos antes de Cristo, não se encaixaria nas novas regras da Caixa. Édipo em determinado momento diz a Creonte, o súdito, “Deves-me obediência”. Creonte responde: “Se mandas mal, não devo”. Depois é Creonte que vira rei autoritário e é confrontado pela filha de Édipo. Essas passagens seriam consideradas posicionamento político, segundo Guimarães. Toda a obra de William Shakespeare também, em vários momentos, trata da temática do combate à tirania. Portanto, posicionamento político.
A arte é filha da liberdade. A cultura precisa refletir a pluralidade da sociedade. Se isso se espalha, não haverá mais cultura, nem arte, nem liberdade.
O ambiente atual para o produtor cultural é esse. O governo limita o apoio das empresas públicas. O patrocinador privado recua porque não quer confusão com o governo. Aí o produtor cultural vai questionar a própria obra. Assim começa a autocensura, que tira o oxigênio da arte. Imagine se for possível ter personagens heterossexuais nos espetáculos. Isso não refletiria a sociedade. As relações homoafetivas estão na sociedade. É impossível acompanhar o limite que o governo impõe.
O nome disso é censura. Não é filtro, não é cuidado, não é defesa da família. O país já viveu isso na ditadura. Foi horrível.
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