quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Folha ignora possibilidade de Nobel para Lula e inventa prêmio que não existe


Luis Felipe Miguel

Não acho que o Prêmio Nobel seja atestado de qualquer coisa.

A lista de grandes escritores que morreram sem receber o prêmio é pelo menos tão significativa quanto a lista dos que o receberam - Marcel Proust, Julio Cortázar, Virginia Woolf, Philip Roth, Paul Valéry, João Cabral de Melo Neto...

O prêmio da paz foi dado para criminosos de guerra como Theodore Roosevelt, Henry Kissinger e Barack Obama, para exploradores do sofrimento alheio como Madre Teresa de Calcutá e para racistas empedernidos como Frederik de Klerk.

Ainda assim, o Nobel é uma marca que implica reconhecimento mundial.

Por isso, é inadmissível que a Folha, em matéria não assinada publicada hoje, diga que "o Nobel foi concedido pela primeira vez em 1901. Inicialmente, eram cinco categorias: paz, literatura, química, física e medicina. Uma sexta - economia - foi adicionada décadas mais tarde, em 1969".

Não existe Prêmio Nobel de Economia. Os prêmios Nobel são aqueles financiados pelo fundo deixado por Alfred Nobel.

Em 1969, o Banco Central da Suécia decidiu instituir um prêmio de economia e, numa jogada de marketing, denominou-o "em memória de Alfred Nobel".

Com isso, obteve instantaneamente para seu prêmio - que em geral é concedido a economistas ultraconservadores - o prestígio dos prêmios Nobel.

É só uma jogada. Eu posso inventar um prêmio de sertanejo universitário, dizer também que é em memória de Alfred Nobel e pronto: eis que Marília Mendonça fica nobelizada.

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