Por Kiko Nogueira
O elemento mais espontâneo na foto do casal Moro com Roberto Carlos no camarim é o sorriso de Mona Lisa do cantor.
É um esgar entre a cólica renal e a enxaqueca.
Os três estão fingindo, portanto os três estão cientes de participar de um teatro.
Muita gente boa defendeu que Roberto não tinha como fugir daqueles “fãs”. Ora, claro que tinha.
Tudo é coordenado pela assessoria com sua anuência. Inclusive, e principalmente, a fotografia.
Sabia o que estava fazendo.
Ele já elogiou Sergio Moro publicamente algumas vezes.
Em 2018, falou que o trabalho do ex-juiz era “maravilhoso” e que “realmente merece todo o nosso apoio e os nossos aplausos”.
Roberto é absolutamente coerente com sua história.
Sempre foi e continua sendo de direita, embora chamado de “ingênuo politicamente”. Ingênuo é você.
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Documento do Exército lista Roberto entre “artistas que se uniram à Revolução (sic)” |
Na ditadura, quando tornou-se o maior cantor popular do país, foi condecorado com a Medalha do Pacificador, ocupou cargos em conselhos do governo, teve ajuda do ministro da Justiça para se livrar da censura e foi contratado para dar shows em homenagem à “Revolução” (é como ele trata o golpe de 64).
Puxou o saco dos militares até conseguir a concessão de uma rádio em Belo Horizonte, que manteve por quinze anos.
Apresentou-se nas Olimpíadas do Exército em 1972 diante de Médici.
Em 1976 — um ano depois do assassinato de Herzog — lá estava o rei ganhando a Ordem do Rio Branco, pelos serviços prestados à nação, das mãos de Geisel.
Não faltaram muchas gracias a Pinochet num festival em Viña del Mar, no Chile. Puxa saco, se declarou honrado com a “presença do presidente de um país”.
“É um motivo de orgulho para mim, don Augusto”, discursou (vídeo no pé deste artigo).
Esse é o Roberto. Podia se poupar, a essa altura da vida, desse tipo de mico com os Moros.
Mas aí não seria o Roberto.
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