terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Patrícia Campos Mello merece nossa solidariedade. Mas não o jornal no qual ela trabalha e a categoria à qual ela pertence.


Luis Felipe Miguel

A agressão sexista de Bolsonaro contra a repórter Patrícia Campos Mello é deplorável. Seria inacreditável, se estivéssemos em tempos um pouco mais normais e a presidência não fosse ocupada por um putrecéfalo.

A "indignação" da Folha com o desgoverno, porém, não alcança sua cumplicidade com a destruição do país promovida por Guedes. Hoje, depois de mais de duas semanas de autocensura, a greve dos petroleiros chegou ao jornal - aos jornais, na verdade, porque eles decidiram romper o silêncio em conjunto, o que em si mesmo é bem significativo.

A cobertura da Folha é um monumento de parcialidade, com direito a um de seus articulistas mais limitados "ensinando" à oposição que não pode misturar greve de trabalhadores com luta contra privatizações.

Ao mesmo tempo, não importa quão abjetas sejam as agressões, os repórteres continuam correndo atrás de Bolsonaro, rindo de suas grosserias, incapazes de um gesto que manifeste sua contrariedade.

Patrícia Campos Mello merece nossa solidariedade. Mas não o jornal no qual ela trabalha e a categoria à qual ela pertence.

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