Ocultação de cadáveres
O general Eduardo Pazuello resolveu tratar a Organização Mundial da Saúde como seu chefe trata os grupos de zap. Ontem o ministro interino participou de videoconferência com todos os países que integram a entidade. Ao falar da pandemia, omitiu as mais de 105 mil mortes já registradas no Brasil.
Pazuello se limitou a dizer que o país contabiliza 2,3 milhões de sobreviventes da Covid. “Estamos entre os líderes mundiais em pacientes recuperados”, festejou. Ele acrescentou que o número “evidencia o acerto das ações do governo”. Faltou lembrar que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de mortos e infectados. Só fica atrás dos EUA, que também menosprezaram a doença.
Na reunião, o general declarou que o governo tem “compromisso inequívoco com a transparência de dados” sobre a pandemia. Imagine se não tivesse. Na gestão dele, houve uma operação para maquiar números e esconder cadáveres. O ministério atrasou boletins e deixou de informar o total de mortos. Foi obrigado a voltar atrás por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Pazuello é entusiasta do “placar da vida”, uma marquetagem inventada para camuflar a extensão e a gravidade da pandemia. No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de mil mortes em 24 horas, o governo lançou uma contagem de “brasileiros salvos”. Isso equivale a divulgar, no dia de um acidente aéreo, o número de aviões que deixaram de cair.
O bolsonarismo não desiste de se eximir da sua responsabilidade pela tragédia. No sábado, o Planalto distribuiu relatório que vincula as mortes pela Covid a governadores e prefeitos de oposição. Ontem o presidente declarou que as vítimas poderiam estar vivas se tivessem tomado cloroquina. É como dizer que os pacientes só morreram por não acreditar num charlatão.
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O ministro João Otávio de Noronha chamou de “analfabetos” os críticos da libertação de Fabrício Queiroz.
Seria interessante saber se pensa o mesmo do colega Felix Fischer, que revogou sua liminar e mandou o amigo do presidente de volta para o xadrez.
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