Leandro Fortes
Mais do que um documentário, "Democracia em vertigem", de Petra Costa, é uma peça de resistência política que, agora, ganhou o mundo.
Enquanto esteve circunscrito à esfera de espectadores nacionais, o filme manteve-se isolado no gueto da esquerda, ora tratado como um exotismo marginal, pela mídia tradicional, ora francamente ignorado, pela mesma, para felicidade da direita, que sempre o teve como um incômodo natural.
Indicado ao Oscar, "Democracia em vertigem" assumiu uma dimensão gigantesca, menos por seu conteúdo do que por seu significado, embora ambos sejam igualmente relevantes. O golpe institucional de 2016 passou, com a indicação, a ganhar uma visibilidade inédita, inclusive dentro do País.
O filme de Petra gerou uma onda de histerismo dentro do bolsonarismo e conseguiu a proeza de resgatar, lá do fundo da lixeira da História, o PSDB - sigla morta e enterrada, asfixiada por seu próprio anacronismo, nas eleições de 2018.
Ressentidos, os tucanos partiram para a ironia agressiva contra Petra, apavorados com a exposição que, a partir de agora, os canalhas do partido terão, mundo afora.
Só por isso, já valeu a indicação para o Oscar. Nem precisa mais levar a estatueta.
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