quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A balada do porteiro

Leandro Fortes

Então, foi assim.

Em 14 de março de 2018, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, simplesmente, enlouqueceu. Decidiu, do nada, fazer anotações aleatórias num livro de registro da portaria para, pela ordem:

1) Inventar que um miliciano, Élcio Queiroz, prestes a assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, teria pedido para ir à casa 58; 
2) Inventar que o dono da casa 58, Jair Bolsonaro, teria autorizado a entrada do miliciano; 
3) Inventar que reparou, pelas câmeras de segurança, que o miliciano estava indo para a casa de outro miliciano; 
4) Inventar que o dono da casa 58, avisado do desvio, teria dito que tudo bem, sabia para onde o carro estava indo: a casa 65, do sargento de milícias Ronnie Lessa, o outro assassino.

Tudo isso em 14 de março, horas antes do duplo assassinato, meses antes de Bolsonaro ser eleito presidente da República. Louco, o porteiro previu que, fazendo essas anotações e, mais tarde, as confirmando em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, seria inevitável a queda do presidente.

Estranhamente, depôs já sabendo que, ao narrar esta história, estava mexendo com milicianos assassinos e com uma família intrinsicamente ligada às milícias, a partir do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio, quando deputado estadual.

Bolsonaro sabia, desde 9 de outubro, por uma inconfidência – criminosa, diga-se de passagem – do governador Wilson Witzel, do depoimento do porteiro e do encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal. 

Portanto, aquele teatro na madrugada saudita, aquela indignação apoplética, foi encenação pura. Uma cena pateticamente programada.

Além disso, ele, os filhos e a turma de milicianos ligada à família tiveram quase 20 dias para fazer e acontecer com os registros do condomínio e conseguir, da forma vergonhosa que conseguiram, que o Ministério Público decidisse, sem perícia e sem decência, que o porteiro estava mentindo.

Desculpem, só sendo idiota ou muito ingênuo para achar que um porteiro, em 14 de março do ano passado, iria anotar com precisão as placas de carro de um miliciano e, mais tarde, iria denunciá-lo à polícia para caluniar um presidente que ele nem sabia que seria candidato.

Autoridades fogem de suas responsabilidades no caso Marielle


Em quase 600 dias, não há investigação séria sobre mortes
Kennedy Alencar

É absurda a falta de cerimônia com que autoridades públicas agiram e agem no caso Marielle. Isso só acontece porque essas autoridades fogem de suas responsabilidades e não cumprem os seus deveres nos cargos que ocupam.

Há suspeita de que o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC-RJ), vazou para o presidente Jair Bolsonaro um segredo de uma investigação sigilosa. Quem acusa é o próprio Bolsonaro, que diz ter sido avisado da citação no caso por Witzel no início de outubro.

No caso do porteiro que citou Bolsonaro, houve perícia de ligações da portaria para moradores apenas ontem. De acordo com a “Folha de S.Paulo”, uma perícia a jato que não avaliou se houve adulteração do material.

Mas a perícia de um apenas dia, que veio à público depois da menção a Bolsonaro, foi suficiente para três promotoras do Ministério Público do Rio se apressarem em inocentar o presidente da República e suscitar suspeita sobre o depoimento do porteiro.

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, que já sabia da citação ao presidente quando encontrou Bolsonaro no Palácio do Planalto, continua firme na missão de confundir conciliação com submissão aos interesses do Executivo. Está ficando feio para o STF, tachado de hienas pelo bolsonarismo, não reagir como instituição às ameaças autoritárias do atual governo.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro da Justiça, Sergio Moro, absolveram Bolsonaro e condenaram o porteiro. Há clara tentativa de uso da PF como polícia política, o que é ilegal.

Mas uma coisa está bem clara: quase 600 dias após a morte de Marielle e Anderson Gomes, não há uma investigação séria a respeito do caso. Sobram dúvidas e indagações.

Desde a prisão de Ronnie Lessa em março, as ligações da portaria para moradores não deveriam ter sido exaustivamente investigadas?

Que perícia de um dia foi essa para culpar o porteiro?

Por que o porteiro anotou num documento de controle de entrada que Élcio Queiroz, um dos acusados de matar Marielle e Anderson, estava se dirigindo à casa de Bolsonaro no condomínio na Barra da Tijuca, no Rio?

O que o motorista ganharia mentindo num depoimento sobre o presidente da República?

Marielle, Anderson, seus familiares e o país merecem respostas.

Complete você mesmo


Resuminho do dia no Infernistão


1. 03 diz a Leda Nagle, logo quem, que o Brasil precisa de um novo AI-5 e o poeta Marco Aurélio de Mello comenta que "ventos estão levando embora os ares democráticos". É isso que chama agora. Ventos!

2. A foto da procuradora do MP RJ com a cara feia do ser invertebrado que parece um verme bêbado e raivoso num saco de batatas podres atropelado por uma carreta dirigida por um caminhoneiro que apoia a privatização da Petrobras para acabar com a corrupção acreditando que assim o preço do combustível vai cair se tornou o símbolo perfeito do aparelhamento da extrema-direita em todos os órgãos e instâncias responsáveis por investigar a execução de Marielle Franco. Por consequência, Marielle, o símbolo, se torna ainda mais forte. E o verme, mais verme.

3. O governo do supracitado invertebrado ordena que os órgãos de pesquisa não prestem informações sobre o derramamento de óleo no litoral. É a lógica dos três macaquinhos terra-planistas.

4. Dizem que o governador do Rio já faz reuniões a portas fechadas com a faixa presidencial que, acredita, será sua em 2022. E me obriga a rever minha posição sobre a luta antimanicomial.

Já passa de 16h, mas é que hoje acordei mais tarde.

Entrevista de Dudu Micropênis é mera bravata


Luis Felipe Miguel

A entrevista de Eduardo Bolsonaro à saudosa jornalista Leda Nagle é um monumento à indigência intelectual. E olha que ele é considerado o filho mais preparado de todos - fez o curso do Olavão, frita hambúrguer em inglês, essas coisas todas.

Mas não tem uma única palavra que saia de sua boca que não esteja marcada por desinformação, simplismo, maniqueísmo e teoria da conspiração.

A pérola foi a ameaça do novo AI-5. Foi Eduardo, todos lembramos, quem antes prometeu fechar o Supremo com o famoso cabo e soldado.

Tanto poder, tanta valentia, e ele teve que colocar o rabo entre as pernas e abandonar o sonho de ser embaixador? O pai pode tudo, pode se fazer ditador quando quiser, só não pode dar o presente que o filhão queria?

Tem gente que acha que ele fala essas coisas por cálculo, para manter a base bolsonarista excitada. Talvez. Mas acho que tem muito de bravata de menino bobinho, tão receoso da própria fragilidade que tem que constantemente anunciar ao mundo "lo macho que soy".

Desigualdade e neoliberalismo se completam

Óbvio

Veríssimo

Os chilenos se manifestam nas ruas contra o aumento de tarifas e do custo da sua vida em geral. Nada que não tenha mobilizado multidões em outras partes do mundo. Mas um milhão de manifestantes nas ruas do Chile não significa o mesmo que um milhão de manifestantes em outro lugar. Uma nova e inesperada causa entrou no elenco de reclamações dos chilenos. Uma causa não inédita — no fundo é a causa básica, o genérico, de todas as outras — mas que não costuma frequentar manifestações de rua. Os chilenos protestam contra a desigualdade.

Dirá o leitor que a desigualdade, a má distribuição de renda, a injustiça social ou que nome tenha a bandida está implícita em todo o discurso de esquerda e é tão óbvia que está à beira de ser uma abstração. É-se contra a injustiça social como se é contra a morte, a explosão de vulcões, a seborreia e a techno music. O leitor tem razão, mas a obviedade nunca foi dita com a clareza em que está sendo ouvida nas ruas do Chile. Os ricos ficam cada vez mais ricos, os pobres ficam cada vez mais miseráveis, e isto não é uma fatalidade como o rompimento de uma barragem da Vale. O cataclismo tem autores, tem defensores, tem teóricos, tem até filósofos.

O Chile também é diferente porque até hoje é cantado e decantado como o grande exemplo do neoliberalismo triunfante no continente. Paulo Guedes, que Bolsonaro & Filhos convocaram para imitar o Chile no Brasil, é da chamada Escola de Chicago, de discípulos de Milton Friedman. O neoliberalismo que Friedman receitava e Guedes tenta impor tem o dom mágico de sobreviver a seus grandes fracassos e supervalorizar suas pequenas vitórias, como na votação da Nova Previdência. A economia sob Guedes ainda não começou a andar, mas está fazendo um bom trabalho de remontar o proletariado brasileiro ao gosto do empresariado.

Não foi o neoliberalismo que levou a maioria de manifestantes às ruas no Chile, mas sim a consciência, finalmente explícita, de que desigualdade e neoliberalismo se completam. Óbvio.


O golpe já foi dado


Bruno Torturra

A presença da ideologia miliciana nos mais altos escalões do executivo, da procuradoria e polícia é, em si, um golpe. AI-5 remete a um trauma e um risco real. Mas sinto que estamos temendo um ataque externo às instituições enquanto elas já estão infectadas por dentro.

Não se trata de ditadura ou de fascismo clássico. Mas de uma cultura política, que sempre parasitou o Estado como forma de sobrepô-lo. Forjada na violência local, na justiça personalista, territorializada. Mais baseada em lealdade do que em leis. Não é uma máfia. É uma ideologia.

Milicianismo é a estatização do crime. A transformação do monopólio da violência em monopólio da impunidade como forma de “pacificar” territórios. Por isso tem tanta adesão dentro das polícias e dos órgãos da justiça corrupta.

A milícia sempre usou o Estado como escudo. Por isso é natural, orgânico e não conspiratório, que o aparato de Bolsonaro seja eficaz em neutralizar investigações. Ou matar quem insista em fazê-las.

O golpe já foi dado. Não por generais, mas por facínoras de meia patente. E a quartelada não veio do Alto Comando na Urca. Mas de algum condomínio do eixo Barra - Rio das Pedras.

Em suma: nosso abismo é um barranco de desova.

As milícias de Bolsonaro contra o conglomerado criminoso da Globo


Carlos D'Incao

BOLSONARO X REDE GLOBO

Não restam dúvidas de que nesse confronto entre o presidente Bolsonaro e a Rede Globo existe um conjunto de impropérios que passam dos limites da sanidade.

Porém, por mais que doa para aqueles que são da esquerda, a verdade é que Bolsonaro foi o primeiro presidente desde a nova república que resolveu enfrentar de forma deliberada e direta essa emissora cuja a própria existência é uma negação da democracia.

Os governos petistas de fato agraciaram a Rede Globo e os grandes meios de comunicação com volumosas e generosas somas de dinheiro público com propaganda de estatais e do governo. Assim fez, mesmo que apanhasse noite e dia desses mesmos órgãos.

Foi um movimento de tamanha insensatez que ainda falta tempo histórico para conceituar... mas já podemos afirmar que os governos petistas financiaram literalmente os seus algozes com dinheiro público, com perdão de dívidas e sem criar canais alternativos e populares para contradizer a grande voz do capital.

Por essas razões, os apoiadores de Bolsonaro hoje pensam que a Globo é “de esquerda” e favorável ao PT. Até jornalistas grotescos como Merval et caterva são vistos como esquerdistas.

A questão interessante aqui é resgatar um fato e lançar uma hipótese:

Fato: a Globo e a grande imprensa não tem preferência de governo pois obedecem ao poder de fato: bancos e multinacionais. E para esse poder o PT tinha que ser defenestrado a qualquer custo e a agenda do mercado tinha que vencer... e quis o destino que o candidato do mercado fosse Bolsonaro...

Hipótese: tão logo chega ao poder, a Rede Globo tenta colocar uma coleira no Bolsonaro, como fez com FHC, Lula e Dilma... mas descobre que Bolsonaro é indomável.

Além disso, Bolsonaro sabe que a maioria da população brasileira já é evangélica (aqui somando os católicos “evangélicos”, os carismáticos) e se apoia nos canais de comunicação ligados a esse setor.

Uma guerra santa entre emissoras está lançada: Globo X Record, Band, SBT, etc...

Para o poder tanto faz o veículo. Por mais de 50 anos foi a Globo, a Folha, a Veja, o Estadão. Agora são os segmentos da “linha B”. Para os banqueiros e grandes empresários é até melhor, pois esses são mais baratos...

Antevejo o declínio e o fim da Globo e da velha mídia tradicional. De suas cinzas não surgirá nada melhor, mas emissoras e canais de comunicação ainda mais submissos, obscurantistas e tendenciosos.

De uma forma ou de outra, não deixa de ser uma vergonha assistir a derrocada da Globo sob as mãos de Bolsonaro depois de 13 anos de governos petistas que só passaram pano para essa emissora ao mesmo tempo que apanhavam de graça...

Faltou para os governos petistas mais do que estratégia, mas coragem para enfrentar a Globo e a grande mídia.

Como se vê, o inimigo não era tão forte assim... Até o Bolsonaro o enfrenta e está vencendo... e espero não ver os petistas, em missão ridícula e servilista, agora saírem em defesa da Globo e da grande imprensa.

Seja pela mão que for, que morra esse conglomerado corrupto e antidemocrático. E junto com ele a covardia da esquerda...

O crime organizado no Brasil e o porteiro mentiroso

Leandro Oliveira

COINCIDÊNCIAS?

O porteiro errou na hora de preencher o livro de registros.

Com tantas casas no condomínio, colocou sem querer justamente o número casa do Bolsonaro.

A casa do pai do deputado que empregava parentes do chefe da milícia que assassinou Marielle.

Depois errou em DOIS depoimentos descrevendo que a entrada do assassino no condomínio foi autorizada por alguém na casa 58.

O MPRJ errou ao consultar o STF pelo fato de haver citado com prerrogativa de foro, pois segundo a versão do próprio MPRJ e da PGR de ontem, o registro de entrada do condomínio e o depoimento do porteiro apresentavam inconsistências.

A pessoa que conseguiu um áudio que tira a casa 58 da sequência dos fatos é filho do presidente. Não, não foi a polícia e o MPRJ que descobriram, foi um filho do presidente que surgiu com o áudio.

Coincidências acontecem, né?

Falando sobre coincidências, as fotos a seguir são de Carmen Eliza Bastos de Carvalho, uma das promotoras do caso Marielle Franco no MPRJ, que se mobilizou em menos de 24 horas pra eleger o porteiro como o grande conspirador do caso.

Definitivamente, o Brasil não é pra amadores.

Mensagem do excelentíssimo senhor chefe da milícia


Entrega de pizza pra casa 58




PORTARIA

- Entrega de pizza pra casa 58.
- Da onde é?
- Pizzaria Barra Nápoles.
- Coloca a pizza no chão e bota as mãos na cabeça.
- Feito.
- Agora vem rastejando pra dentro da guarita.
- Indo.
- Qual é a senha?
- Ronnie 66.
- E a contrasenha?
- Pavão.
- Certinho, dá a pizza aqui.
- Tá na mão.
- ...
- Valeu, aê.
- Espera, espera, porra! Deitado no chão de novo, mãos nas costas.
- Que foi, tio? Tá me algemando?
- Veio calabresa, era peperoni.
- Eu volto lá e troco por outra, pô.
- Não. Tem que aguardar o general Heleno vir aqui.
- General, que parada é essa, mano?
- Toque de recolher no Vivendas da Barra. No momento é os hômi que resolve tudo.
- Caracas!
- Ah, é da Venezuela, comunista! Deixa o seu Jair saber disso!

Carlos Castelo

O porteiro suicida


Cristóvão Feil

ACASO ESTAMOS DIANTE DE UM PORTEIRO SUICIDA?

Que motivo autodestrutivo teria o tal porteiro para mentir contra os milicianos? Se ele mentisse a favor dos milicianos, por óbvio teríamos, sim, todos os motivos para entender que se tratasse de uma inverdade para salvar a própria pele.

"Positivo e operante, chefe"


Porteiro mentiu sobre Bolsonaro e terá que depor novamente


Anti-Bozo Arte

Porteiro tem ligação com Cuba ou Venezuela

"O porteiro mentiu para prejudicar o mito."

Quer dizer que "o porteiro mentiu" por duas vezes?

Mas mentiu por que? E por que não "três vezes antes do galo cantar"?

O que ganharia com isso? Um citação do Bonner no JN fazendo o costumeiro biquinho?

Não se trata, como querem alardear Bolsonaro & Família com o acrítico apoio dos bolsonaristas e até do novo PGR Aras, de fake news.

Efetivamente, nos dois depoimento do porteiro houve a menção a "SEU JAIR" e da casa 58.

Então, por que mentiria assim do nada?

Teria sido Lula que lá de Curitiba usou de telepatia para passar a ordem?

Vai ver esse porteiro tem alguma ligação com Cuba ou Venezuela.

JB Costa

Promotora afirma que o porteiro mentiu

"O porteiro mentiu"

Fabio De Oliveira Ribeiro

Essa é Carmen Eliza Bastos de Carvalho, a promotora carioca que trabalha no caso de Marielle Franco e refutou a acusação feita pelo porteiro que ligou a familícia ao assassinato. Ela foi escolhida ao acaso ou o MP/RJ a designou para o processo em razão de suas "virtudes bolsonaristas"?

Se não estou enganado, a regra da suspeição por amizade ou inimizade também se aplica ao membro do Ministério Público? Alguém já está investigando o mistério que levou a mocinha a não se afastar do caso que pode destruir o mito dela?

Desde o golpe "com o Supremo com tudo" o crime está se organizando dentro do Estado. E nós sabemos quem serão as vítimas. Marielle Franco pode se tornar apenas a primeira numa imensa lista de assassinatos políticos sem solução.

Os juristas sérios dizem que o MP aplica o Direito Penal do Inimigo (neste caso, o Direito aplicado é o do Amigo). Como sou apenas um advogado gozador, tenho dito que os "manos" do Sistema de Justiça estão aplicando os três princípios do Direito Achado na Boca de Fumo:

É nóis na fita, maluco.
Tá tudo dominado, mano.
Essa boca é nossa porra!

Quem atendeu o interfone?

"O porteiro mentiu."

Quem atendeu o interfone da Casa (58) do Condomilicio da Barra Pesada?

A) Uma hiena;
B) Um Comunista do Foro de São Paulo;
C) O Lula;
D) O Presidente da OAB;
E) O Soros;
D) O Papa;
F) Todas as alternativas anteriores.

🤔

Fonte

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Todos os caminhos da milícia levam ao gabinete de Flávio Bolsonaro


Leandro Fortes

O PORTEIRO É O NOVO MORDOMO

O principal rescaldo do ataque de pânico de Jair Bolsonaro, na madrugada saudita, é que os canhões da República estão sendo voltados, um a um, para a cabeça de um porteiro do condomínio Vivendas da Barra. Trata-se de um curioso habitat onde convivem, em rara harmonia, milicianos assassinos e a família do presidente da República.

Conforme notícia veiculada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, o tal porteiro, por ora, anônimo, foi à Polícia Civil do Rio de Janeiro depor no caso do duplo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, e disse o seguinte, em resumo:

Um dos assassinos, Élcio Queiroz, foi ao condomínio e anunciou que iria à casa 58, da família Bolsonaro. O porteiro interfonou para avisar da visita e foi autorizado por uma voz que, segundo ele, era do “seu Jair”. Queiroz (mais um) entrou, mas, pela câmera de segurança, o porteiro viu que ele estava indo para outra casa, a do miliciano Ronnie Lessa, sargento da reserva da PM. O porteiro avisou a “seu Jair” que, segundo ele, disse que estava tudo bem: sabia que a visita estava tomando outro rumo.

Bolsonaro ordenou ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, que mandasse abrir um inquérito federal (!) para que a Polícia Federal (!!) investigue as circunstâncias (!!!) em que o depoimento do porteiro ocorreu.

O mais grave: Moro, mesmo sabendo que essa medida, além de absurda, é ilegal, deu continuidade à loucura do chefe. Prova de que o ex-juiz, absolutamente desmoralizado pelas revelações da #VazaJato do The Intercept Brasil, virou refém da família Bolsonaro.

A medida, além de tudo, é ridícula, porque não é preciso a PF para investigar a circunstância do depoimento: ele foi tomado pela Policia Civil do Rio, dentro de um inquérito acompanhado pelo Ministério Público Estadual.

Bolsonaro está em pânico.

Ele sabe que todos os caminhos da milícia levam ao gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, da época que ele era deputado estadual. Lá, estavam empregados diversos familiares de milicianos suspeitos, direta e indiretamente, de atuar no assassinato de Marielle Franco.

Diante do abismo, Bolsonaro tomou duas medidas: abriu guerra contra o Grupo Globo, para manter o gado mobilizado; e partiu para cima do porteiro, certo de que, esmagando um elo aparentemente frágil, colocando sob os ombros de um trabalhador pobre a culpa de sua ruína, irá sepultar o assunto.

Não vai.

Porteiro precisa ser protegido, não pressionado


Moro e Aras entram mal no caso ao desqualificar testemunho

Kennedy Alencar

É enorme a pressão sobre o porteiro que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro no caso Marielle. O porteiro precisa ser protegido, não pressionado. Se ele mentiu, como diz o Ministério Público do Rio de Janeiro, claro que é preciso apurar. Também é claro que o presidente da República tem direito a uma defesa plena e ampla, mas isso tem de ser feito dentro da lei.

É estranho Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, quererem usar a Polícia Federal como polícia política. O objetivo seria investigar o porteiro e a circunstâncias do depoimento dele.

A Polícia Federal é uma polícia de Estado, não é uma polícia de governo. Uma investigação tem de obedecer aos requisitos legais e não à vontade do presidente da República ou do ministro da Justiça.

Nesse contexto, entraram mal no caso duas autoridades que têm muita responsabilidade: Moro e o procurador-geral da República, Augusto Aras. Moro desqualificou depoimento do caseiro. Aras o chamou de “factoide”. O procurador-geral da República considerou Bolsonaro uma vítima. Ora, isso é atitude de engavetador-geral da República.

A investigação do caso Marielle tem quase 600 dias. Polícia Civil e Ministério Público até hoje não deram solução satisfatória. Pelo contrário, há diversas frentes abertas, inclusive com diferença de opinião em relação ao que pensava a antecessor de Aras, Raquel Dodge. Portanto, é preciso cautela para aguardar os desdobramentos.

O que ganharia um porteiro ao inventar uma história contra o presidente? Por que anotaria que Élcio Queiroz, um dos acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes, entrou para visitar a casa de Bolsonaro?

O cuidado com o tema demanda que Moro e Aras tenham mais lealdade à Constituição do que ao presidente da República.

É melhor chamar o Moro!


O fim da Era Bozozoica


Bozo se defende


Crise no Chile mexe com instintos primitivos do bolsonarismo


Bernardo Mello Franco

As manifestações no Chile mexeram com os instintos mais primitivos do bolsonarismo. Em visita à China, o presidente Jair definiu os protestos como “atos terroristas”. Dias antes, no Japão, chamou de “bárbaros” os chilenos que tomaram as ruas contra o aumento do custo de vida e a piora dos serviços públicos.

O governo de Sebastián Piñera respondeu ao início da crise com uma repressão brutal. Pôs o Exército nas ruas e ressuscitou o toque de recolher da ditadura Pinochet. Depois de 20 mortos e mais de uma centenas de feridos, o presidente decidiu recuar. Pediu desculpas à população, recolheu a tropa e anunciou reformas sociais.

Em pronunciamento na TV, o conservador Piñera admitiu que os chilenos têm motivos para reclamar. Disse que as últimas gestões, incluindo as dele, não foram capazes de perceber a insatisfação popular. “Reconheço e peço perdão por essa falta de visão”, penitenciou-se.

O mea culpa não parece ter convencido o governo brasileiro. Segundo Bolsonaro, os protestos no Chile fariam parte de um complô de partidos de esquerda da América Latina. “A intenção deles é atacar os EUA e se autoajudarem”, acusou. A tese conspiratória foi endossada pelo ministro Augusto Heleno, que falou num conluio da “esquerda radical” para “conturbar a vida”, “tentar retornar ao poder de qualquer maneira e nos jogar no abismo”.

Nos últimos dias, Bolsonaro levantou ao menos três vezes a hipótese de convocar as Forças Armadas para reprimir protestos até agora inexistentes no Brasil. Ele tem falado repetidamente em acionar o artigo 142 da Constituição, que permite convocar as tropas para a garantia “da lei e da ordem”. Nas redes sociais, militantes bolsonaristas evocam o mesmo artigo em defesa de uma “intervenção militar” no país.

Ontem o deputado Eduardo Bolsonaro escancarou o tom de ameaça. Na Câmara, ele disse que os oposicionistas “vão querer repetir no Brasil o que tá acontecendo no Chile”. “Não vamos deixar isso aí vir pra cá. Se vier pra cá, vai ter que se ver com a polícia. E se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a História se repetir. Aí é que eu quero ver como é que a banda vai tocar”, desafiou. Deixou a tribuna sob vaias e gritos de “golpista”.

Sobrevivente do caso Marielle revelou à polícia briga de vereadora e Carlos Bolsonaro

Carlos e Marielle eram vizinhos de gabinete na Câmara de Vereadores 
Gui Amado

Fernanda Chaves, a assessora que acompanhava Marielle Franco na noite do assassinato e sobreviveu, contou à polícia, em março do ano passado, que a vereadora tivera uma briga pública com Carlos Bolsonaro no começo de seu mandato, em 2017.

O depoimento de Fernanda foi logo após o assassinato.

Carlos e Marielle eram vizinhos de gabinete na Câmara. Segundo Fernanda, ainda em 2017, Carlos, passando pelo corredor, ouviu uma conversa de um assessor de Marielle com uma pesquisadora mexicana. Ao apontar para o gabinete de Carlos, o assessor referiu-se a ele como "fascista". Carlos estava no telefone, mas ouviu e começou a discutir com o funcionário.

"Repete, seu merda. Repete. Você é um merdão, diz na minha cara", gritou Carlos com o funcionário.

O funcionário repetia com calma, e explicava o que havia dito, mas Carlos não ouvia.

Marielle viu a cena e entrou entre os dois. Marielle peitou Carlos e ameaçou chamar a segurança.

Conforme mostraram os repórteres Flávio Costa e Bernardo Barbosa, Carlos Bolsonaro depôs à Polícia Civil em 26 de abril do ano passado sobre o incidente.

Desde então, Carlos parou de entrar no mesmo elevador em que estivesse Marielle ou outra assessora negra da vereadora. Segundo antigos assessores da vereadora, Carlos só entrava no elevador quando estavam assessores brancos de Marielle.

A coluna não conseguiu contato com Carlos Bolsonaro.

Bolsonaro é o mandante da morte de Marielle? Se não for, parece.


É leviano (😂) fazer qualquer ilação de envolvimento de Jair Bolsonaro na morte de Marielle, mas os fatos revelados pelo Jornal Nacional são gravíssimos. Há vários fatos nunca explicados sobre a relação dos Bolsonaro com membros do Escritório do Crime. Relembrarei nesse fio. 

Em janeiro, eu, Bruno Abbud e Vera Araújo revelamos que Flávio Bolsonaro empregou durante anos a mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe do Escritório do Crime.
Flávio Bolsonaro empregou mãe e mulher de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete
Adriano foi capitão do Bope (daí a alcunha Capitão Adriano). É considerado um dos maiores assassinos de aluguel do Rio e apontado pelo MP como chefe da milícia do Rio das Pedras. Também foi segurança de bicheiros famosos no Rio, mas sempre escapou de investigações. 

Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro acusado de assassinar Marielle, também é ligado ao Escritório do Crime, segundo as investigações. 

A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, foi uma das assessoras do gabinete de Flávio que passaram dinheiro para Queiroz, de acordo com o relatório do Coaf que deflagrou a investigação contra o ex-assessor. Há fortíssimos indícios de que ela era funcionária fantasma. 
Flávio Bolsonaro responsabiliza Queiroz por nomeação de parentes de chefe do Escritório do Crime em seu gabinete
Após nossa reportagem, Queiroz admitiu ter indicado as parentes de Adriano para os cargos. Os dois trabalharam juntos no 18° BPM (Jacarepaguá), responsável pelo policiamento no Rio das Pedras.

Além das nomeações de parentes, Capitão Adriano foi agraciado com homenagens e discursos apaixonados do clã Bolsonaro.  Em 2005, recebeu a Medalha Tiradentes, maior honraria do estado, de Flávio. 

Em 2003, já havia recebido uma moção de aplausos ao lado de seus colegas de serviço no 16° BPM (Olaria). Eles eram conhecidos como a guarnição do mal e foram ligados a sequestro, tortura, extorsão e assassinato. Eu e Vera Araújo também contamos essa história:
Flávio Bolsonaro homenageou policiais acusados de participar de 'guarnição do mal'
A forma como barbarizava na Zona Norte fez Adriano ser preso ainda como PM. Em 2005, ele chegou a ser condenado por homicídio em primeira instância. Dias depois da sentença, Jair Bolsonaro o defendeu no plenário da Câmara. Também escrevi sobre isso.
Jair Bolsonaro defendeu chefe de milícia em discurso na Câmara
Ah, adivinha quem foi o único policial homenageado no mesmo dia que Adriano e sua guarnição do mal? Ele mesmo, Fabrício Queiroz. 

Em 2004 Flávio também homenageou o major Ronald Pereira, assim como Adriano apontado como um dos chefes da milícia do Rio das Pedras e alvo da Operação Intocáveis, do @MP_RJ

Voltando à mãe de Adriano, há uma coincidência no relatório do Coaf ainda sem explicação. Raimunda é sócia de um restaurante no Rio Comprido. O negócio fica em frente à agência do Itaú onde houve mais depósitos em dinheiro vivo na conta de Queiroz. Foram R$ 91 mil em um ano. 

Capitão Adriano foi sócio de outro restaurante na mesma rua no Rio Comprido. Ele e a mãe têm uma sócia em comum. Tudo isso precisa ser investigado e esclarecido pelas autoridades. As investigações estão paradas desde julho, por decisão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli. 

A decisão de Toffoli foi dada no plantão judiciário, horas depois de o pedido ser protocolo pelo advogado de Flávio. Estavam na fila 42 pleitos do mesmo tipo neste processo, mas só o do filho 01 do presidente mereceu urgência.
Com 42 ações pendentes, Toffoli só viu urgência ao analisar caso Flávio
Sem querer biscoito, mas praticamente nada do que está nesse fio veio de autoridades da polícia e do MP. Foi trabalho suado de muitos jornalistas que investigaram a fundo o Caso Queiroz e a morte de Marielle Franco. Não à toa, a live do presidente teve ataques irados à imprensa. 


O morador de Vivendas da Barra está liquidado


Gilson Caroni Filho

Quem assistiu ao Jornal Nacional saiu com três certezas: a primeira é que a blindagem às reformas criminosas continua. Nem mesmo os parentes de militares de patente baixa, que choraram e chamaram o presidente de traidor, tiveram um segundo de visibilidade no noticiário. E quer saber? Bem feito.

A segunda é que o morador de Vivendas da Barra, que ia tentar um golpe, está liquidado desde ontem. É possível, e até desejável para a família Marinho, que a agenda econômica continue sem ele.

Por fim, Carluxo, o moleque coordenador das milícias virtuais, negou que tenha sido o autor do vídeo que mostra o STF, a imprensa e partidos políticos como hienas. Foi categórico ao afirmar que autoria é do proprietário da casa 58, do Condomínio do Crime. Para desgosto de Sófocles, pela versão tosca e pelo roteiro horroroso, Édipo voltou a matar o pai.

Bolsonaro explora a paranoia como método político


Bruno Boghossian
Presidente quer convencer o país de que é vítima de uma ameaça permanente
Cercado por hienas e conspirações socialistas, Jair Bolsonaro quer convencer o país de que é vítima de uma ameaça contínua. A insistência do presidente em retratar críticos como vilões e atribuir seus infortúnios a complôs delirantes mostra que ele pretende governar em estado permanente de paranoia.

Esse estilo político foi descrito pelo historiador americano Richard Hofstadter num ensaio de 1964. Ele tomou emprestado o termo clínico para descrever um discurso baseado no exagero, na suspeição, no alarmismo e em fantasias conspiratórias.

A tática é apresentar o jogo democrático como um conflito entre o bem e o mal, anulando qualquer expectativa de moderação e convocando uma luta constante. "Visto que o inimigo é considerado totalmente mau e desagradável, ele deve ser totalmente eliminado", escreveu.

Governos com inclinações autoritárias costumam se apegar a esse método para destruir a legitimidade de instituições que delimitam seus poderes. Conluios são a justificativa ideal para quem quer adotar medidas excepcionais e punir rivais.

Nos últimos dias, Bolsonaro e sua equipe sugeriram repetidas vezes que os protestos no Chile e o resultado de eleições livres na Argentina não são produtos da vontade popular, mas uma intentona esquerdista que ameaça também o Brasil. O presidente até alertou os militares e pediu que eles ficassem de prontidão para reprimir manifestações.

Ao divulgar o vídeo em que retrata quase todos os seus críticos como animais agressivos e aproveitadores, o bolsonarismo amplia o recado: a fonte do perigo não são apenas opositores formais, mas qualquer personagem disposto a contrariar seus interesses ou sustentar uma desaprovação legítima ao governo.

O próprio Bolsonaro deixa claro que tudo não passa de enganação. Depois de lançar o alerta sobre o risco vermelho, ele divergiu de si mesmo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente disse achar que a esquerda "não tem futuro no Brasil num curto espaço de tempo".

Calma que o Bozo ainda não caiu


Sylvia Moretzsohn

Eu tenho por hábito cultivar a prudência, por isso evito me deixar levar pelas emoções do momento.

Lembro bem do que foi a excitação quando a Globo divulgou os vídeos do Joesley: a queda de Temer era então considerada líquida e certa, a ponto de alguns jornalistas da casa se referirem a ele como ex-presidente (para logo se corrigirem), sabe-se lá se por erro ou um fingido equívoco, para causar expectativa.

A situação parecia mesmo insustentável. No entanto, deu no que deu.

Claro que agora a coisa é bem mais grave, considerando não só o caso em si (trata-se de um assassinato) como o temperamento da pessoa em questão.

Por isso, não compartilho do que diz o Fernando sobre "não ter volta", ou que "a crise política explodiu e nada a vai deter". Aliás, seria recomendável a leitura da coluna do Gaspari (pois é...) de domingo, aquela em que Madame Natasha pede "compostura verbal" e relaciona as mais recentes trocas de gentilezas entre os membros da quadrilha que está no poder.

Mas certamente concordo com o Fernando quando ele diz que "é preciso pensar para ver o que virá disso, embora se saiba que duas coisas virão".

Só concordo com a primeira dessas coisas: "é que coisa boa não será".

O otimismo dele em relação à segunda "coisa" (sobre o proveito que se poderá tirar desse "improvável confronto") eu não compartilho, não.

De todo modo, só nos resta mesmo assistir.

E é bom assistir ao vídeo em que o Verme se manifesta, acusando o golpe como nunca antes na história deste país.


A queda

Porteiros

A queda (Der Untergang)


Moisés Mendes

O porteiro do prédio da Polícia Federal em Curitiba, se for chamado para depor, vai dizer que já passaram por ali dois ganhadores do prêmio Nobel da Paz, celebridades da política internacional, líderes humanistas de todos os continentes, e que o prédio passa o dia cercado pelo povo que também, se pudesse, entraria na masmorra.

O porteiro do condomínio da Barra da Tijuca, coitado, tem uma lista de visitantes milicianos.

Só acontece no Brasil. O porteiro da cadeia abre a porta para defensores das liberdades, e o porteiro do condomínio de luxo recebe bandidos.

O presidente deve, sim, explicações ao país

Afinidade

Kennedy Alencar

Bolsonaro e Moro não podem acionar a PF como se ela fosse uma polícia política. É assim que o presidente quer usar a Polícia Federal quando diz estar conversando com o ministro da Justiça sobre tomar um depoimento do porteiro. 

Uma investigação tem de obedecer aos requisitos legais e não à vontade do presidente da República de plantão. Tampouco de um ministro da Justiça. Moro precisa explicar isso ao chefe. 

A reportagem do "Jornal Nacional" foi jornalisticamente impecável. Deu o furo: no dia do crime, suspeito de matar Marielle entrou no condomínio para encontrar outro suspeito dizendo que iria à casa de Bolsonaro. 

Teve o cuidado de deixar claro que informações do dia apontariam presença de Bolsonaro em Brasília, expondo eventual contradição do depoimento do porteiro. 

A reação de Bolsonaro na live de ontem foi autoritária. Ameaçar um veículo de imprensa é crime de responsabilidade. Comportou-se como um ditador. O presidente, deve, sim, explicações ao país. 

Está anotado no livro de visitantes do condomínio que o suspeito Élcio se dirigia à casa de Bolsonaro. Detalhes do carro usado estão também anotados. Já seria uma trama contra Bolsonaro no dia da morte de Marielle? Claro que não. 

Repetindo: é o presidente quem deve explicações ao país. As ligações suas, de seus familiares e de Fabrício Queiroz com milicianos são de conhecimento público e notório. Claro que o presidente tem o direito de se defender, mas tem de fazê-lo dentro do marcos legais da democracia. 

O mimimi do miliciano


Tá difícil ser presidente no Brasil 

Gregorio Duvivier
O pobre leão está sozinho contra um exército de carniceiros
A vida não está fácil pra Bolsonaro, esse leão cercado por hienas de todo lado. O pobre felino está sozinho contra um exército de carniceiros, dentre os quais a ONU, o STF e a Jovem Pan. Seu único amigo, um leão de nome Conservador Patriota (que nome pra um leão), parece ter se esquecido dele. É assim que o presidente está se sentindo —ou pelo menos é assim que ele diz no Twitter que está se sentindo, o que dá mais ou menos no mesmo. Ou não. Talvez seja assim que o seu filho acha que ele tá se sentindo, o que dá mais ou menos no mesmo, porque deve ter sido ele que disse pro filho que se sentia assim.

Desde que Bolsonaro postou esse vídeo, todo cidadão brasileiro se perguntou a mesma coisa: o que foi que eu fiz de errado pra não estar entre as hienas? Gosto de tudo no vídeo. Gostei de descobrir que ele acha que está sendo perseguido pela Jovem Pan, de que ele acha que a ONU quer comer sua carniça, de que ele vê o eleitor patriota e conservador como um leão macho e imponente que há de surgir no horizonte.

O sujeito está no cargo mais alto do país, goza de cartão corporativo infinito e foro privilegiado, e ainda assim vê a si mesmo como um pobre felino em extinção, abandonado por todos. Peço que faça um esforço pra imaginar como se sente Natália, do Piauí, medalhista da Olimpíada de Matemática, que ganha R$ 100 por mês do MEC e deve ter sua bolsa cortada.

A única palavra que me vem à cabeça é um conceito caro ao presidente: vitimismo. Nada mais adequado pra classificar sua estratégia do que essa palavra que o próprio costuma usar contra o movimento negro, feminista ou LGBT. Afinal a mulher que denuncia o marido está sendo vitimista. O negro que quer reparação histórica pela escravidão tá fazendo mimimi. Quem reclama de homofobia num dos países que mais mata homossexuais tá sendo coitadista.

Só quem sofre mesmo, ao que parece, é o homem branco, hétero, rico, idoso e amigo de miliciano. Ninguém conhece a dor de não poder indicar o filho para uma embaixada, ninguém entende o sofrimento da sua esposa que não pode nem receber R$ 40 mil do motorista sem levantar suspeita, ninguém imagina o sofrimento de ter o vizinho de condomínio preso sob acusação de assassinato de uma vereadora, que por acaso era sua inimiga política.

Se tá difícil ser cidadão no Brasil, imagina ser presidente. Não dá tempo de postar foto de biquíni.

Mistério na casa 58



O leão chorou, perdeu o controle, esmurrou a mesa, ameaçou, mas não respondeu quem estava na casa 58.

Diário do Bolso



Diário do Bolso

Diário, desculpe por ter dormido abraçado com você hoje, aqui na Arábia. Até te amassei um pouco. É que foi um momento difícil. Perdi as estribeiras. Cheguei a ameaçar a Globo de renovar a concessão..., conceção..., concepção..., ah, sei lá, pô, a licença do canal.

Lá pelas três e meia da madrugada eu fiz uma live em que falei palavrão, bati na mesa, tirei os óculos, xinguei o Witzel, xinguei o meu partido, e xinguei a Globo de podre, canalha, mentirosa, porca, nojenta, imoral e patife. Aliás, falei “patifaria” um monte de vezes.

Perdi a linha mesmo, Diário. Me exaltei. E olha que eu sou um cara ponderado. Mas dessa vez a Globo passou dos limites.

Caramba, não é porque a minha família defende a legalização dos milicianos, emprega parente de miliciano, homenageia milicianos, é vizinha de miliciano e posa para foto com miliciano que isso quer dizer que a gente se envolva com miliciano.

Mas o pior mesmo é dizer que um homem atendeu o interfone na casa 58, que é a minha. Se eu não estava lá, eles estão me chamando de corno? Isso é pior que assassino, pô!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

A falência total da justiça e da polícia


Ricardo Costa de Oliveira

Gravíssimo e a prova da falência da justiça e da polícia. Quer dizer que somente agora, mais de um ano e meio depois do assassinato de Marielle e de Anderson, divulgam o decisivo flagrante/registro na portaria do condomínio dos milicianos assassinos e com o envolvimento do Bolsonaro? Haja protelação e ocultação de provas com todas instituições judiciais e policiais aparelhadas pelas quadrilhas de milicianos? Agora é que o STF se dissolve de vez na sua covardia ou algo acontecerá na desocultação da verdade e da justiça. Momento dramático que o país viverá.

MARIELLE E OS BOLSONAROS


Moisés Mendes

Quem foi que, de dentro da casa de Bolsonaro na Barra da Tijuca, deu autorização para que Elcio Queiroz entrasse no condomínio da Barra da Tijuca, na tarde do dia do assassinato de Marielle Franco, 14 de março do ano passado?

Elcio era o motorista do carro que levou o matador Ronnie Lessa ao local do crime.

Na portaria do condomínio, está registrado no dia 14 que ele iria à casa de Bolsonaro.

Mas Elcio acabou indo à casa de Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro. O porteiro diz que falou com Bolsonaro.

Mas Bolsonaro estaria em Brasília naquele dia. O porteiro assegura que conversou duas vezes com alguém que seria o “seu Jair”.

Se não foi o seu Jair, quem atendeu o porteiro e permitiu a entrada do criminoso? E depois disse ao porteiro que tudo bem, que sabia que Elcio iria à casa de Ronnie Lessa.

E agora a grande dúvida: os registros de voz da portaria, que gravam todas a conversas dos porteiros com os visitantes e os residentes, ainda existem ou já foram eliminados? Quem guarda esses registros. Se ainda existorem, terá sido um milagre.

O Jornal Nacional contou toda essa história agora há pouco. É furo da Globo.

Mais um problemão para os Bolsonaros. Mas deve ser tudo coincidência.

Witzel já sabia o que seria revelado no Jornal Nacional e, segundo a VEJA, o governador "não escondia a euforia"


Witzel soube antes de citação a Bolsonaro no caso Marielle

Veja

Adversário político de Jair Bolsonaro, o governador do Rio, Wilson Witzel, soube com antecedência das provas colhidas pela polícia do Rio sobre o surgimento do nome do presidente na investigação do assassinato de Marielle Franco.

Na semana passada, segundo um interlocutor relatou ao Radar, o governador não escondia a euforia com os fatos revelados nesta terça-feira pelo Jornal Nacional.
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Citação a Bolsonaro pode levar caso Marielle ao STF


A Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Sul do Rio, onde tem casa o e o policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco.

No dia do crime, em 14 março de 2018, um dos envolvidos no caso teria anunciado na portaria do condomínio que iria visitar Bolsonaro e acabou indo até a casa do PM reformado, informou o Jornal Nacional nesta terça-feira na chamada da abertura. Segundo o jornal, a citação a Bolsonaro pode levar a investigação da morte de Marielle ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo fato de o presidente ter foro privilegiado.

Conforme a reportagem, no dia da visita, Bolsonaro estava em Brasília e não em sua casa no Rio de Janeiro.

Assassinos de Marielle se reuniram na casa de Bolsonaro no dia do crime

Suspeito da morte de Marielle se reuniu com outro acusado no condomínio de Bolsonaro antes do crime; ao entrar, alegou que ia para a casa do presidente, segundo porteiro
Registros apontam que Elcio Queiroz seguiu direto para a casa de Ronnie Lessa, suspeito de atirar na vereadora. Naquele dia, a lista de presença da Câmara dos Deputados mostra que Jair Bolsonaro estava em Brasília, e não no Rio. Citação do nome do presidente torna obrigatório que STF analise o caso.

O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa – é o mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa.
O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a situação.

No dia do crime, o porteiro trabalhava na guarita que controla os acessos ao condomínio. Às 17h10 da data do crime, ele escreve no livro de visitantes o nome de quem entra, Élcio, o carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa que o visitante iria, a de número 58.

Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime.

O Jornal Nacional apurou o teor de suas declarações. O porteiro contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar.

Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do "seu Jair" – ele confirmou isso nos dois depoimentos.

No registro geral de imóveis, consta que a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro. O presidente também é dono da casa 36, onde vive um dos filhos dele, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSL).

O porteiro explicou que, depois que Élcio entrou, ele acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras de segurança e viu que o carro tinha ido para a casa 66 do condomínio. A casa 66 era onde morava Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle e Anderson.

Lessa é apontado pelo Ministério Público e pela Delegacia de Homicídios como autor dos disparos.

O porteiro disse, em depoimento, que ligou de novo para a casa 58, e que o homem identificado por ele como "Seu Jair" teria dito que sabia para onde Élcio estava indo.

O Jornal Nacional pesquisou os registros da Câmara e encontrou uma contradição no depoimento do porteiro. Jair Bolsonaro estava em Brasília nesse dia, como mostram os registros de presença em duas votações no plenário: às 14h e às 20h30. Não poderia, portanto, estar no Rio.

No mesmo dia, Bolsonaro também postou vídeos nas redes sociais do lado de fora e dentro do gabinete em Brasília.

Fontes disseram à equipe de reportagem que os dois criminosos saíram do condomínio dentro do carro de Ronnie Lessa, minutos depois da chegada de Élcio, e embarcaram no carro usado no crime nas proximidades do condomínio.

Áudio do interfone investigado
O Jornal Nacional apurou que a guarita do condomínio tem equipamentos que gravam as conversas pelo interfone. Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58.

A polícia prendeu os dois suspeitos de matar Marielle e Anderson no dia 12 de março deste ano. Lessa é sargento aposentado da Polícia Militar e foi preso quando tentava fugir de casa, no Condomínio Vivendas da Barra.

Élcio de Queiroz é ex-policial militar e foi expulso da PM em 2015 por envolvimento com a contravenção.

Ministério Público foi ao STF
O Jornal Nacional apurou que, depois de saber das informações envolvendo a casa do presidente Jair Bolsonaro nas investigações, representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília no último dia 17 para fazer um consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o minisitro Dias Toffoli.

Sem avisar o juiz do caso aqui no Rio, eles questionaram se podem continuar a investigação depois que apareceu o nome do presidente Bolsonaro. Dias Toffoli ainda não respondeu.

A polícia está chamando ex-funcionárias de Marielle para novos depoimentos.

A polícia chegou até o homem apontado como o assassino por uma denúncia anônima, feita em outubro, sete meses depois do início da investigação - e que revelou o nome de um dos suspeitos e o local de onde o carro partiu, na Barra da Tijuca.

O que dizem os citados
O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento do porteiro e afirmou que seria uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

"Eu nego isso. Isso é uma mentira. Deve ser um erro de digitação, alguma coisa. É o caso de uma investigação por esse falso testemunho", disse Wassef.

O Ministério Público do Rio afirmou que as investigações estão a cargo da Delegacia de Homicídios, que é subordinada à Secretaria de Polícia Civil, e que o Grupo de Atuação Especial do MP acompanha o caso.

A Polícia Civil disse que a Delegacia de Homicídios investiga o caso junto com o Grupo de Atuação Especial do Ministério Público.

As defesas de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz não responderam às tentativas de contato.

O Jornal Nacional entrou em contato com a assessoria do ministro Dias Toffoli. Até a última atualização desta reportagem, o presidente do STF não havia se pronunciado.