Felipe Pena
DIÁRIO DA BOZOLÂNDIA
25 de fevereiro de 2019
Ministro da educação envia carta para diretores de escolas com slogan da campanha de Bolsonaro. Ele pede que filmem crianças cantando o hino na escola e lendo a mensagem com o slogan.
Não é só um big brother escolar. É crime. Um crime duplo. Gravar imagens de crianças sem a permissão dos pais e promoção pessoal (de Bolsonaro) com recursos de governo.
Revista Isto É publica relação de milicianos que fizeram parte do gabinete de Flavio Bolsonaro. A irmã de um dos milicianos, Valdenice, assinava os cheques do próprio Flávio.
A relação do crime organizado miliciano com a família Bolsonaro é escancarada. Mas não há qualquer consequência. Nem as panelas aparecem. Isso é medo ou cumplicidade?
O chanceler brasileiro Ernesto Araújo relativiza situação na Coreia do Norte para agradar a Donald Trump, que vai se encontrar com King Jong-un. Ele diz que o país asiático "não usa o mesmo grau de brutalidade da Venezuela."
O Brasil segue seu rumo de capacho dos Estados Unidos nas relações exteriores.
O filho 03, Eduardo Bolsonaro, vai a festa no resort de Trump e defende muro na fronteira do México. Para que temos chanceler se o príncipe já exerce a função?
Fracassa a tentativa de golpe na Venezuela, patrocinado pelos EUA, com ajuda da Colômbia e do Brasil. Por trás da "ajuda humanitária" havia um evidente plano de invasão ao país caribenho. Mas não ouve um número significativo de deserções no exército venezuelano, o que frustrou os planos de Washington.
Quem faz boicote econômico, não manda ajuda humanitária. Isso é o óbvio ululante rodriguiano. Vamos lembrar do Iraque e da Líbia. Não é difícil chegar ao real motivo do interesse americano: o petróleo. Se o problema fosse com ditaduras, eles não seriam parceiros da Arábia Saudita.
A ministra Damares faz sua estreia internacional no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Faz campanha contra o aborto e não menciona o nome de Marielle. Vergonha define bem.
General Mourão descarta participação militar do Brasil durante reunião do Grupo de Lima, em Bogotá. Os militares ainda conseguem segurar os arroubos juvenis do clã Bolsonaro. Até quando?
Reportagem da Isto É sobre laranjal do PSL traz análise de documentos e apuração em seis cidades de Minas Gerais e Pernambuco, onde foram entrevistadas 95 pessoas (candidatos, políticos, assessores, entre outros). Crise no governo é vista como principal barreira para a aprovação da reforma da Previdência.
Segundo Moro, PF foi orientada a "não proteger ninguém" no caso de laranjas. Exoneração de Bebianno serve como propaganda para declaração, uma vez que, diante dos nomes expostos, somente o ex-ministro sofreu as consequências. Queiroz continua desaparecido. O ministro do turismo continua no cargo.
Presidente do Senado, Alcolumbre comete crime eleitoral ao ocultar imóveis em série da Justiça Eleitoral entre 2002 e 2018. Ao ser questionada, assessoria do parlamentar, primeiramente, não deu resposta, alegando precisar de mais tempo para reunir documentação. Depois, ofereceu uma réplica genérica, afirmando que disponibilizaria documentos levantados para consulta jornalística – o que não ocorreu.
Diário da Bozolândia – 22 de fevereiro.
Fronteira entre Brasil e Venezuela é fechada. Maduro determina bloqueio para tentar impedir a entrada de "ajuda humanitária". Em resposta, Guaidó assina "decreto presidencial" para determinar reabertura da fronteira, mesmo sem ter apoio das forças armadas, o que torna sua ação inócua.
A tal ajuda humanitária, comprada do Brasil pelos Estados Unidos, é somente um pretexto para o interesse principal dos Estados Unidos: o petróleo.
Andrew McCabe, ex-diretor do FBI, chega a afirmar em trecho do seu livro que Trump quer guerra na Venezuela por causa do petróleo.
Ao se pronunciar sobre a crise com o país vizinho, Mourão declara só ver confronto entre países se o Brasil for atacado, mas que "Maduro não é louco a esse ponto". O vice-presidente representará Bolsonaro em reunião na Colômbia onde será discutida situação na Venezuela.
Ministro do Turismo pede para que investigação sobre candidatas laranja do PSL vá para o STF com a finalidade de conseguir foro privilegiado. O governo que se vendeu como "antiprivilégios" é cada vez mais favorável a eles.
Quatro ministros do STF votam a favor de enquadrar casos de homofobia como crime de racismo. Ainda faltam os votos de sete ministros.
Caso Bebianno é visto como "superado" por Mourão e vice acrescenta ser preciso compreender as condições de Bolsonaro nos áudios divulgados, devido a "tudo que o presidente vem passando, sobrevivendo a cirurgias, com antibióticos, analgésicos".
Bebianno ameaça Bolsonaro e deixa cartas espalhadas com amigos. "Caso alguma coisa me aconteça, abram as cartas." - diz. Se fossem abertas hoje, essas cartas derrubariam o governo?
Nas redes sociais, profissionais dos meios de comunicação sempre associados à direita são atacados por bolsominions e acrescentados à lista de "comunistas desmascarados". Hoje, para ser comunista basta criticar um ponto qualquer da Bozolândia.
A reforma da Previdência, se aprovada, permitirá que alterações em regimes previdenciários passem a ser feitas fora da Constituição. Em outras palavras, permite a desconstitucionalização de regras básicas que protegem a previdência e o trabalhador.
Brasil está cada vez mais perto de se tornar um país onde não se pode ter direitos ou lutar para tê-los.
Mourão declara que militares estão insatisfeitos com a proposta da reforma, mas possuem "disciplina" e aceitarão mudanças. Talvez essa disciplina seja sinônimo de paciência para assumir o governo.
As mais importantes estruturas do Estado já são comandadas por militares. O que falta?
Mourão pode responder.