sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Rolando de rir da pitoresca jequice dos nossos novos governantes


José Geraldo Couto

Ah, convenhamos:

Se não fosse pelos milhões que vão passar fome e pelos outros tantos que vão ficar sem médico e sem escola;

Se não fosse pelos índios que serão dizimados com uma impunidade inaudita;

Se não fosse pelas florestas desmatadas, pelos rios poluídos e pelos animais em acelerada extinção;

Se não fosse pelos jovens negros "abatidos" nas periferias;

Se não fosse pelas mulheres estupradas com o beneplácito dos poderosos;

Se não fosse pelos gays e trans espancados e assassinados por sorridentes homens de bem;

Se não fosse pela entrega das nossas riquezas naturais e pela nossa submissão ao mais escancarado colonialismo;

Se não fosse por esses detalhes, em suma, estaríamos rolando de rir da pitoresca jequice dos nossos novos governantes.

Programa Contraponto Trianon



Mesmo maquiados, números do pibinho mostram agonia da economia; Bolsonaro nomeia mais um militar para o ministério. Brigas entre nomeados e supostas acusações de ameaças de morte contra o capitão envenenam governo Bolsonaro antes da posse; nova política exterior isola o brasil também da Europa e confirma desastre comercial à vista; Lula vai ser julgado de novo e deve mofar na prisão; acusações contra Serra e políticos tucanos identificam roubalheira de mais de duas décadas.

Estes são alguns dos temas do CONTRAPONTO desta sexta-feira. CONTRAPONTO vai ao ar de segunda a sexta às 17h na Rádio Trianon AM740 -www.radiotrianon.com.br - e aqui no Facebook. Você pode participar também pelo Whatsapp 11 9.9583.9700

Suicídio eleitoral


Tentando atrair médico brasileiro


Síntese do pensamento filosófico carvalhiano

"O cu do comunismo é a piroca globalista do liberal cuzista".

Eulavo seu Caralho, proctologista e astrólogo

Gregorio Duvivier

GÊNIO!
FODA!
SÓ ELE TEM A CORAGEM DE DIZER A VERDADE NA CARA!

Bolsonaro visita Lojas Americanas


Brasil acima de tudo!

Só que não...

Gestapo, Chicago e gorilas: não há como esse arranjo dar certo

Reinaldo Azevedo sobre governo Bolsonaro: “nascerá póstumo no pior sentido. Para o mal de todos”

Diário do Centro do Mundo

A Coluna de Reinaldo Azevedo na Folha de S.Paulo trata sobre o futuro do Brasil:
“Platão expulsou os poetas de sua ‘República’; Jair Bolsonaro, os políticos. Vai funcionar? O presidente eleito decidiu lotear o Executivo entre três legendas, e essa tripartição o aprisiona e o faz refém de sua própria concepção de mundo. Dividirão o poder o Partido da Polícia, liderado pelo indemissível Sergio Moro; o Partido de Chicago, comandado pelo não menos indispensável Paulo Guedes, e o Partido da Caserna, composto pelo generalato da reserva”.
Reinaldão desenvolve o raciocínio: 
“Bolsonaro se dedica a uma arquitetura que sobreviva a si mesmo. E isso, então, escreveria a sua biografia de estadista inaugural. O presidente eleito integra a galeria dos governantes que ambicionam nascer póstumos. Importa a ele menos a administração cotidiana do país, com sua pauta e rotina de dificuldades, do que a suposta grande obra que, na sua imaginação, os pósteros hão de reconhecer. Ele ainda nem tomou posse, mas já vê a si e à sua herança pelos olhos das gerações futuras. Não por acaso, resolveu ecoar uma afirmação perigosa de Carlos Bolsonaro, um dos filhos, segundo quem há pessoas próximas interessadas na sua morte. Esses temperamentos têm atração intelectual pelo trágico. Nas democracias bem-sucedidas, governantes são eleitos para tentar melhorar os marcos institucionais, aumentar a eficiência da máquina, elevar o bem-estar da população, fazer reformas pontuais etc. Essas chatices. Nada ambicionam de extraordinário. Levam a vida a simular modorra mesmo em tempos de grande agitação. É o caso de Theresa May, a enfrentar a sandice vitoriosa do Brexit. São os tipos que prefiro. Esforçam-se para conferir uma aparência de rotina à gestão, ainda que os problemas sejam invulgares”.
E finaliza: 
“na arquitetura de poder de Bolsonaro, os partidos da Polícia, de Chicago e da Caserna se encarregam de governar, e aos políticos, expulsos de uma República já sem poetas, caberia a missão patriótica de aprovar os tais ‘remédios amargos’, que dariam eficiência aos poderosos de fato. Fiel à sua visão de mundo, o presidente eleito pôs um general para dividir com um civil a tarefa de negociar com o Congresso. Ou Bolsonaro devolve a política a seu lugar, ou não há como esse arranjo dar certo. Nascerá póstumo no pior sentido. Para o mal de todos”.

Sérgio Moro's appointment as Super Justice Minister is literally, in itself, corruption

I'm glad someone else said this - Sérgio Moro's appointment as Super Justice Minister is literally, in itself, corruption

Sérgio Moro broke the law as judge, and then he benefited directly from the results of his law-breaking. There's a word for that, and it's corruption.

This is the right way to talk about Sérgio Moro


By way of explanation for non-Brazilians: Sérgio Moro bent the rules, broke the law, while ruthlessly pursuing his investigations. As a judge, many people sort of gave him a pass (including, maybe especially, international media) as a "crusading" anti-corruption warrior...

So when he accepted a huge position in Bolsonaro's government (despite his earlier promises never to do something like this) that changes the entire trajectory. You don't need to prove he wanted this benefit or planned it, simply that he got it. That is obvious in many countries.

As newspaper journalist, you never take any gifts (not even a coffee) from someone you are writing about. That's just conflict of interest. But, if I make a mistake, or lie, and it benefits someone I am writing about, THEN receive a huge gift afterwards, then wow. It's much worse.

I would get in trouble for doing the first thing. If I did the second thing, I would be absolutely banned from journalism forever. And even if I didn't irrevocably distort the world's fourth-biggest democracy in the process.

Tradução googlística:

Fico feliz que alguém tenha dito isso - a nomeação de Sérgio Moro como Super Ministro da Justiça é literalmente, em si mesma, corrupção

Sérgio Moro quebrou a lei como juiz e depois se beneficiou diretamente dos resultados de sua quebra de lei. Há uma palavra para isso e é corrupção.

Esse é o jeito certo de falar sobre Sérgio Moro

A título de explicação para os não-brasileiros: Sérgio Moro desrespeitou as regras, violou a lei, enquanto perseguia implacavelmente suas investigações. Como juiz, muitas pessoas deram a ele um passe ("carta branca")  (incluindo, talvez especialmente, a mídia internacional) como um guerreiro anticorrupção "cruzado"... ("cruzado da luta contra a corrupção")

Então, quando ele aceitou uma posição enorme no governo de Bolsonaro (apesar de suas promessas anteriores de nunca fazer algo assim), isso muda toda a trajetória. Você não precisa provar que ele queria esse benefício ou planejou, simplesmente que ele conseguiu. Isso é óbvio em muitos países.

Como jornalista de jornal, você nunca recebe presentes (nem mesmo um café) de alguém sobre quem está escrevendo. Isso é simplesmente conflito de interesses. Mas, se eu cometer um erro, ou mentir, e isso beneficiar alguém sobre quem estou escrevendo, ENTÃO receber um grande presente depois, então uau. É muito pior.

Eu ficaria em apuros por fazer a primeira coisa. Se fizesse a segunda coisa, seria absolutamente banido do jornalismo para sempre. E mesmo que eu não tivesse distorcido irrevogavelmente a quarta maior democracia do mundo no processo.

O Rasputin de Richmond

Luis Felipe Miguel

É importante dizer uma coisa: não dá para levar Olavo de Carvalho a sério.

Sim, ele é a principal referência intelectual do novo governo. Nem por isso ele é um intelectual. Ele emplacou dois ministros, é verdade, mas são os dois mais caricatos da equipe de Bolsonaro. Paulo Guedes é despreparado e truculento, mas tem um projeto - antipovo, antinação, mas um projeto. Tereza Cristina é um horror, mas é o horror do agronegócio. Mesmo o astronauta dos travesseiros é um esperto clássico.

Ernesto Araújo e Vélez Rodríguez, por sua vez, o que querem? Acabar com a ideologia de gênero, destruir o globaiismo comunista, São cruzados contra fantasias.

O Rasputin de Richmond precisa ser estudado, sim, mas como um sintoma. Um sintoma de nossa decadência, que faz com que teorias da conspiração primárias (o marxismo cultural maçônico e outras imbecilidades de igual quilate) ganhem o peso que ganham no debate público.

A doentia fixação anal e o gosto por impropérios compõem uma persona cuja sentido é a impugnação de qualquer debate e a substituição do argumento pela gritaçada*.

Olavo é a ignorância militante. Como "pensador", ele não alcança sequer o estatuto de irrelevante. A questão é entender por que, no Brasil de hoje, essa montanha de bosta adquire tamanha influência.


* Gritaçada - Alarido, barulheira,  no dialeto Manezês

PSDB censura pintura com figura de tucano em orgia


Pintura com figura de tucano em orgia é retirada de mostra na Assembleia de SP
Mônica Bergamo

Um quadro que exibe uma figura com corpo de mulher e rosto de tucano em uma orgia com outros seres antropomórficos com cabeças de animais foi virado ao contrário, na quinta-feira (29), para que as pessoas não vissem a pintura numa exposição em um hall da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).


DO AVESSO 
Um quadro que exibe uma figura com corpo de mulher e rosto de tucano em uma orgia com outros seres antropomórficos com cabeças de animais foi virado ao contrário, na quinta-feira (29), para que as pessoas não vissem a pintura numa exposição em um hall da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

NINHO 
A ave é o símbolo do PSDB, partido do governador eleito João Doria e do presidente da Casa, Cauê Macris. Intitulada “A Luxúria”, a obra do artista Euzébio de Assis Ribeiro Pinto integra a mostra “Olhar 2018”, inaugurada na terça (27) com apoio do deputado estadual tucano Hélio Nishimoto.

NINHO 2 
“Já mandei tirar [o quadro da exposição]”, diz o curador da exposição, Paco de Assis. Foi ele quem pediu para virar o quadro para esconder a imagem. “Não foi pedido de ninguém. Nós vamos retirar justamente para evitar comentários”, diz.

Gilberto Dimenstein é humilhado por Olavo de Carvalho

Gilberto Dimenstein desafiou Olavo de Carvalho a demonstrar uma afirmação sua e ofereceu o próprio salário. Olavo de Carvalho topou. Dimenstein disse que era brincadeirinha e nem tinha o emprego mais...


Chapeuzinho Verde e Amarelo enfrenta o Lobo Vermelho


Meritocracia


quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Carta Capital adere à barbárie vigente e demite jornalista por ter opinião diferente do patrão


Antonio Luiz M. C. Costa

Gente, acabo de ser demitido da Carta Capital. Diz o Mino Carta que eu estou em desacordo com a "linha da revista" por dizer que a Europa é igual ao Brasil.

Claro que não acho realmente que a Europa é igual ao Brasil. Processos históricos e culturas são diferentes. Mas estão, sim, sendo corroídos pelo mesmo movimento de ultradireita - que começou por lá -, com métodos e consequências muito parecidos.

Infelizmente, Mino Carta continua preso ao eurocentrismo e ao complexo de superioridade de todo imigrante europeu que eu tenha conhecido de perto (inclusive meu pai e meus avós). 72 anos de Brasil e continua a escrever sobre os brasileiros, pejorativamente, como "nativos".

E não pode suportar a ideia de que a Itália está fazendo a mesma estupidez que o Brasil e que Jair Bolsonaro e Matteo Salvini, diferenças de formação à parte, representam essencialmente a mesma coisa e são parte do mesmo fenômeno.

Eis o lagartão

Luzia Amélia Jakomeit

A GARGALHADA DO LAGARTO

"Cuba, Venezuela, Jerusalém/Cuba, Venezuela, Jerusalém/Cuba, Venezuela, Jerusalém". O mantra vem se repetindo à exaustão.

Observem a foto. Examinem detalhadamente as expressões faciais de cada personagem.

Bolsonaro diz ter debatido Venezuela, Cuba e Jerusalém com assessor de Trump - FSP

O personagem de gravata azul abre um sorriso com traços das pessoas que sofrem uma doença chamada idiotia. E talvez por abominar a cor vermelha, escolheu uma gravata com listas azuis. Paletó escuro para demonstrar seriedade. Alguém do cerimonial devia ter avisado o anfitrião que a cor do partido de seu convidado é vermelha e não azul. E até por isso, o convidado enverga com orgulho as cores do seu partido.

O anfitrião está se esbaldando de rir.

Agora observem o testemunha da tão patética cena. Provavelmente um diplomata que acabou de traduzir o motivo da gargalhada. Ele olha atentamente para o convidado esperando um sorriso ou mesmo um esgar. E nada. O convidado mantem sua postura carrancuda e imutável, seja qual for a ocasião.

Chegamos ao convidado. Paletó cinza-claro, como deve ser o traje para reuniões semi-formais, principalmente num país que está entrando no verão, camisa combinando com a cor do paletó e gravata de listas vermelhas, a cor do Partido Republicano de seu país. Austero, sua expressão mostra apenas uma testa franzida. E nada mais. Ele está sentado à esquerda do anfitrião, outra gafe do cerimonial. Afinal de contas quando se quer demonstrar respeito por alguém a quem convidamos a compartilhar nossa mesa a pessoa senta-se do lado direito.

Minutos antes, o homem da gravata azul, um tipo que lembra aqueles lagartos enormes que habitaram a Terra nos tempos históricos, bateu continência para o homem de gravata vermelha. E foi retribuído pela famosa frase bíblica "Ecce Homo", "esse é o homem" ou "esse é o cara". A frase original é de Pôncio Pilatos quando viu Cristo, com sangue escorrendo pelo rosto, coroa de espinhos na cabeça a caminho do Calvário. Pilatos queria ter certeza da identidade e então, num Latim correto, exclamou, "Ecce Homo". Seria uma frase elogiosa se não fosse apenas um plágio da frase do ex-presidente do seu país quando se encontrou com o então presidente do Brasil, Lula da Silva.

E o homem de gravata azul, o lagartão pré-histórico repetindo, "Cuba, Venezuela, Jerusalém/Cuba, Venezuela, Jerusalém", ladainha que o convidado até queria ouvir, mas esperava muito mais porque além de Cuba, Venezuela, Jerusalém, o homem da gravata vermelha está preocupado mesmo é com o avanço de seu arqui e imbatível inimigo chamado China que, no momento já se instalou em Cuba, Nicarágua e avança para a Venezuela.

O Lagartão não lê e não sabe disso.

O Pastor Tarja Preta das Relações Exteriores

Pastor das Relações Exteriores ou será um mero surto psicótico?
Fonte

O jovem Embaixador alçado à função de Chefia de uma Casa que conta com uma das burocracias mais preparadas do País e cuja capacidade é reconhecida mundialmente volta a apresentar um texto em que ataca mais uma vez o pessoal do mal, aqueles do marxismo cultural, ou seja todos os demais diplomatas, segundo ele. Prega como um pastor: Eu me salvei e dou a vocês a chance de se salvar, se me seguirem. Doutra forma, o fogo do inferno te consumirá (esteja certo de que farei por onde, falta concluir ou não..).

Bem, sou diplomata e me orgulho de sê-lo. Não quero enfrentar esse Senhor, pois ele dispõe dos meios para literalmente infernizar minha vida. Por isso, por proteção especialmente àqueles que dependem de mim, não me identificarei. Entenda se puder essa circunstância e leia mais um pouco antes de abandonar este texto por me ter como covarde.

O futuro Pastor das Relações Exteriores não anunciou qualquer política externa que contenha estratégias, instrumentos e objetivos. Resume suas aparições em blogs e artigos a tentar desconstruir e desmantelar uma instituição, seus integrantes e sua qualificada atuação internacional. Todos somos marxistas e precisamos ser reeducados. Apenas ele é dono da verdade e ainda usa a expressão “diplomatas pretensiosos” para tentar desqualificar os demais. Mas a sua pretensão, senhor Pastor, ... bem, vamos deixar isso de lado..... E voltemos ao texto.

Nunca soube que um Chanceler tivesse saído pelo mundo pedindo desculpas pelo Presidente que o povo brasileiro elegeu ou que apenas estava ali por força militar ou parlamentar. Nem os reconhecidos Azeredo da Silveira e Guerreiro se desculparam da ditadura em que vivíamos. Então, Pastor, pare de escrever bobagem. Sabemos todos que ao Pastor das Relações Exteriores como a todos os que foram Ministro das Relações Exteriores (e das outras pastas) cabe assessorar o Presidente e, sim, obedecer suas orientações, mas também informar, ponderar e debater. 

Todos os que sentaram à cadeira de Rio Branco não a ocuparam para “não deixar nada acontecer”. Cuidado para não cair nessa armadilha, especialmente ao se negar ao ouvir e a ver o que se passa no mundo, mesmo que sejam questões divergentes apresentadas por esses comunistas como o Financial Times (que deve ser leitura diária do seu futuro rival Paulo Guedes) e o The Economist (duas bíblias do capitalismo mundial) ou Figaro. Citar The Guardian, Le Monde e New York Times no seu artigo parece querer apagar da história. Os dois veículos que citei acima também são críticos ao Presidente eleito. Mas, prepare-se Pastor, que seus opositores estarão mais perto de Paulo Guedes (ou talvez seja mesmo o próprio Posto Ipiranga que venha a sê-lo) do que dos teclados dos jornalistas ou de seus colegas (ou passaram a ser ex?).

Ouvir seus colegas parece descartado, já que, como diria seu outro guru, o Itamaraty é mais a representação da ONU no Brasil do que o Brasil na ONU. Aliás, esclareço que a política externa brasileira sempre se adaptou aos Presidentes (não é isso que o Senhor apregoa sobre o ocorrido durante os mandatos do Presidente Lula) e, ao fazê-lo, sempre mudou, sempre evoluiu.

Não há registro de um governo brasileiro que, durante um ou dois mandatos, tenha conseguido se indispor com todos os países árabes de uma vez, todos os países da Europa (região é um “ espaço culturalmente vazio” – frase de vossa autoria), Noruega, Argentina, MERCOSUL e China, nosso maior parceiro comercial. Esse governo que integrará obteve a façanha de fazer isso antes mesmo de começar. É essa a mudança que o Pastor estará impondo à política externa ? É essa a “voz efetiva” que estão impondo à representação do Brasil ?

Pastor, pastor. O Senhor extrapolou a racionalidade ao falar de povo. Quantos Estados brasileiros o senhor “conhece”? Sabe o nome do palácio de governo da capital do Acre (Rio Branco)? Ou sabe melhor o da casa (dica) de governo ocupada por Trump? Conhece Macapá ou Ottawa ? Washington ou Curitiba? Palmas ou Bruxelas ? Bonn ou Belém ? Berlim ou Aracaju ? Além de Porto Alegre e Brasília, conhece para valer alguma outra capital brasileira ? Como concluir: Qual é o país que representará: o dos livros ou o que conheceu na suas andanças no exterior? Faço a pergunta para tentar entender a sua conexão (também a do Paulo Guedes e do Presidente eleito, por exemplo) com “a moça que espera o ônibus às 4 horas da manhã para ir trabalhar, com medo de ser assaltada , estuprada” (não vale para aquela que lhe presta serviços domésticos em sua residência, por favor) ou “o rapaz triste que vende panos debaixo do sol.. “. 

Não vou repetir todo o seu texto. Mas repito a pergunta, o Pastor Ernesto Araújo teve contato com qualquer uma dessas pessoas para poder se arvorar em seu representante escolhido (por Deus, certamente) ou tomou conhecimento de sua existência em algum segmento do Globo Repórter ?
Quero esclarecer, Senhor Pastor, o funcionário público trabalha para todos os brasileiros, T-O-D-OS, os da Avenida Paulista, de Paraisópolis, de Rio Branco (no Acre, tá?), independentemente de sua condição sócio-econômica. Esta é a definição básica de serviço público e é isso que nós diplomatas fazemos pela vertente exterior, identificando os reais interesses nacionais e pensando o Brasil além dos governos. Por isso, nos chamam de funcionários de Estado. 

Não somos, nem seremos indiferentes aos interesses do nosso povo. Mas, não é a voz do povo que estamos ouvindo até agora. O que estamos ouvindo são bravatas desqualificadas que justificarão a caça às bruxas sob o manto da verdade eterna para “libertar o Itamaraty”. Mas, para tanto, o primeiro passo seria nos livrar de vossas pregações e nos deixar trabalhar pelo bem do Brasil e do nosso povo, sem querer nos impor falsos clichês, como de idiotas (“não tem os elementos de juízo e o conhecimento necessário”), marxistas. Afinal, não sobra ninguém a não ser Vossa Excelência, senhor Grande Pastor. Ansiamos que tivéssemos uma chefia que soubesse ouvir, dialogar, ponderar, dirigir, mas não nos colocar em forma e nos dar ordem unida.

Não vou entrar nas questões de que ser contra o marxismo não é uma ideologia, nem de que o marxismo está muito presente no Itamaraty (argumento risível - Casa conservadora por natureza; como deve saber ao se olhar no espelho, marxismo e conservadorismo não combinam), menos ainda de que não há aquecimento global. 

O novo mote de deixar “o povo brasileiro entrar na política externa” não se aplica ao seu caso, que desconhece o povo, gente das classes baixíssima, baixa e média. Talvez tenha se relacionado com alguns da classe alta e certamente com intelectuais, como o doce e gentil Olavo de Carvalho e com muitos brasilianistas americanos e canadenses.

Enquanto o Pastor usa blogs e artigos para criticar o que esta aí, para acabar com isso aí, sem propor uma linha diretriz construtiva, há gente (seu grande apoiador e um de seus gurus) fazendo o trabalho de política externa que faria um Ministro indicado de estatura: visita a Washington. Ou será que serão eles que mandarão na política externa ou será que eles são o povo (sic) entrando na política externa?

Pastor, o Senhor se diz contra o cerceamento da liberdade de pensar e falar. Entendo que isso se aplica desde que a liberdade exclua o marxismo. É a nova forma de liberdade controlada? E, por ter escrito este texto na solidão da minha tristeza (como a do rapaz que vende panos) serei perseguido? Enviará seus comparsas da ABIN e das agências militares (ou será da CIA) para identificar quem ousou exercer a liberdade de pensar e falar ?

Sei que este texto apenas ajudará aos incautos que o apoiam a ter mais certeza de que a sua indicação para o cargo que representa o nosso País no exterior foi a escolha certa. Mas não posso me calar, mesmo que às escondidas, a dizer que sua pregação é exagerada e seu remédio tarja negra precisa ter a dose aumentada.

Senhoras e senhores do Júri, “I rest my case”. SE CHEGOU AQUI, OBRIGADO ! Concordando ou não, passe adiante nem que seja apenas pela liberdade de expressão, pelo direito ao debate.

Por que o presidente eleito do Brasil prestou continência a um assessor do governo dos EUA?


Rogério Monteiro Barbosa

O Bolsonaro bateu continência para o assessor de segurança do Trump. Claro que é um ato ridículo e humilhante para o país, mas o que essa cena mais evidencia são características psicológicas que vão ficando muito evidentes: ele tem uma autoestima baixíssima, sabe que não é respeitado e, por isso, prega tanto a violência e é autoritário. Busca se impor pela força, seu recurso possível para a autoridade que lhe falta.

Qual deles?


Luis Fernando Veríssimo

Num discurso que o Fernando Henrique chamou de inacreditável, transmitido poucos dias antes da sua eleição, o candidato Bolsonaro rugiu que no seu governo os “marginais vermelhos” seriam banidos do país, e seus opositores só teriam uma escolha, aderir ou ir para a cadeia apodrecer junto com o Lula. Mesmo descontando-se a empolgação do momento, comum em comícios — o pessoal às vezes exagera um pouco, como disse o Sérgio Porto quando lhe contaram que andavam espalhando que ele era homossexual —, o discurso era de preocupar, e não apenas o Fernando Henrique. Já tinha marginal vermelho fazendo as malas, ou aderindo. Mas, dias depois, eleito, Bolsonaro fez um chamamento pela união nacional.

A questão é saber que Bolsonaro tomará posse em janeiro, o cospe fogo ou o razoável. O Ministério já conhecido só sugere que vem aí uma pizza mezzo obscurantista e mezzo imprevisível, principalmente no que toca ao comportamento de uma direita com raiva da esquerda, e com poder. Um dos novos ministros disse que a presença de uns poucos militares no governo não significava nada, muito menos uma militarização sorrateira. OK, só que quem disse isso foi o quarto militar convocado pelo Bolsonaro. Quando perguntaram ao Sergio Moro por que o futuro chefe da Casa Civil da Presidência não tinha sentido todo o peso da impiedosa Lava-Jato no lombo pelo seu envolvimento com caixa 2, Moro respondeu: “Porque ele pediu desculpa”. De onde se deduz que o Lula só recebeu o rigor desproporcional da lei por falta de educação.

É impossível discutir com 60 milhões de votos. Bolsonaro foi eleito limpamente. Que seja e nos faça feliz, e viva a democracia. Pena que seu eleitorado não tinha como saber que um dos seus ministros seria um para o qual aquecimento global e ambientalismo são coisas de comunistas, também responsáveis pelo distanciamento entre os homens e Deus; que outro ministro foi imposto pelos evangélicos; que não demorará muito para decretarem que o criacionismo desbanque o evolucionismo nos livros das crianças, e que nos livros de história os 20 anos de ditadura passem a ser chamados de movimento de tropas, segundo a teoria Toffoli.

Cadeia de comando


Brasil, um país do passado

Sociopatas comemoram eleição do Anticristo

Deutsche Welle
No Brasil, está na moda um anti-intelectualismo que lembra a Inquisição. Seus representantes preferem Silas Malafaia a Immanuel Kant. Os ataques miram o próprio esclarecimento, escreve o colunista Philipp Lichterbeck.
É sabido que viajar educa o indivíduo, fazendo com que alguém contemple algo de perspectivas diferentes. Quem deixa o Brasil nos dias de hoje deve se preocupar. O país está caminhando rumo ao passado.

No Brasil, pode ser que isso seja algo menos perceptível, porque as pessoas estão expostas ao moinho cotidiano de informações. Mas, de fora, estas formam um mosaico assustador. Atualmente, estou em viagem pelo Caribe – e o Brasil que se vê a partir daqui é de dar medo.

Na história, já houve momentos frequentes de regresso. Jared Diamond os descreve bem em seu livro Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Motivos que contribuem para o fracasso são, entre outros, destruição do meio ambiente, negação de fatos, fanatismo religioso. Assim como nos tempos da Inquisição, quando o conhecimento em si já era suficiente para tornar alguém suspeito de blasfêmia.

No Brasil atual, não se grita "herege!", mas "comunismo!". É a acusação com a qual se demoniza a ciência e o progresso social. A emancipação de minorias e grupos menos favorecidos: comunismo! A liberdade artística: comunismo! Direitos humanos: comunismo! Justiça social: comunismo! Educação sexual: comunismo! O pensamento crítico em si: comunismo!

Tudo isso são conquistas que não são questionadas em sociedades progressistas. O Brasil de hoje não as quer mais. 

Porém, a própria acusação de comunismo é um anacronismo. Como se hoje houvesse um forte movimento comunista no Brasil. Mas não se trata disso. O novo brasileiro não deve mais questionar, ele precisa obedecer: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". 

Está na moda um anti-intelectualismo horrendo, "alimentado pela falsa noção de que a democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento", segundo dizia o escritor Isaac Asimov. Ouvi uma anedota de um pai brasileiro que tirou o filho da escola porque não queria que ele aprendesse sobre o cubismo. O pai alegou que o filho não precisa saber nada sobre Cuba, que isso era doutrinação marxista. Não sei se a historia é verdade. O pior é que bem que poderia ser.

A essência da ciência é o discernimento. Mas os novos inquisidores amam vídeos com títulos como "Feliciano destrói argumentos e bancada LGBT". Destruir, acabar, detonar, desmoralizar – são seus conceitos fundamentais. E, para que ninguém se engane, o ataque vale para o próprio esclarecimento.

Os inquisidores não querem mais Immanuel Kant, querem Silas Malafaia. Não querem mais Paulo Freire, querem Alexandre Frota. Não querem mais Jean-Jacques Rousseau, querem Olavo de Carvalho. Não querem Chico Mendes, querem a "musa do veneno" (imagino que seja para ingerir ainda mais agrotóxicos). 

Dá para imaginar para onde vai uma sociedade que tem esse tipo de fanático como exemplo: para o nada. Os sinais de alerta estão acesos em toda parte.

O desmatamento da Floresta Amazônica teve neste ano o seu maior aumento em uma década: 8 mil quilômetros quadrados foram destruídos entre 2017 e 2018. Mas consórcios de mineradoras e o agronegócio pressionam por uma maior abertura da floresta.

Jair Bolsonaro quer realizar seus desejos. O próximo presidente não acredita que a seca crescente no Sudeste do Brasil poderia ter algo a ver com a ausência de formação de nuvens sobre as áreas desmatadas. E ele não acredita nas mudanças climáticas. Para ele, ambientalistas são subversivos.

Existe um consenso entre os cientistas conhecedores do assunto no mundo inteiro: dizem que a Terra está se aquecendo drasticamente por causa das emissões de dióxido de carbono do ser humano e que isso terá consequências catastróficas. Mas Bolsonaro, igual a Trump, prefere não ouvi-los. Prefere ignorar o problema.

Para o próximo ministro brasileiro do Exterior, Ernesto Araújo, o aquecimento global é até um complô marxista internacional. Ele age como se tivesse alguma noção de pesquisas sobre o clima. É exatamente esse o problema: a ignorância no Brasil de hoje conta mais do que o conhecimento. O Brasil prefere acreditar num diplomata de terceira categoria do que no Instituto Potsdam de Pesquisa sobre o Impacto Climático, que estuda seriamente o tema há trinta anos.

Araújo, aliás, também diz que o sexo entre heterossexuais ou comer carne vermelha são comportamentos que estão sendo "criminalizados". Ele fala sério. Ao mesmo tempo, o Tinder bomba no Brasil. E, segundo o IBGE, há 220 milhões de cabeças de gado nos pastos do país. Mas não importa. O extremista Araújo não se interessa por fatos, mas pela disseminação de crenças. Para Jared Diamond, isso é um comportamento caraterístico de sociedades que fracassam. 

Obviamente, está claríssimo que a restrição do pensamento começa na escola. Por isso, os novos inquisidores se concentram especialmente nela. A "Escola Sem Partido" tenta fazer exatamente isso. Leandro Karnal, uma das cabeças mais inteligentes do Brasil, com razão descreve a ideia como "asneira sem tamanho".

A Escola Sem Partido foi idealizada por pessoas sem noção de pedagogia, formação e educação. Eles querem reprimir o conhecimento e a discussão. 

Karl Marx é ensinado em qualquer faculdade de economia séria do mundo, porque ele foi um dos primeiros a descrever o funcionamento do capitalismo. E o fez de uma forma genial. Mas os novos inquisidores do Brasil não querem Marx. Acham que o contato com a obra dele transformaria qualquer estudante em marxista convicto. Acreditam que o próprio saber é nocivo – igual aos inquisidores. E, como bons inquisidores, exortam à denúncia de mestres e professores. A obra 1984, de George Orwell, está se tornando realidade no Brasil em 2018.

É possível estender longamente a lista com exemplos do regresso do país: a influência cada vez maior das igrejas evangélicas, que fazem negócios com a credulidade e a esperança de pessoas pobres. A demonização das artes (exposições nunca abrem por medo dos extremistas, e artistas como Wagner Schwartz são ameaçados de morte por uma performance que foi um sucesso na Europa). Há uma negação paranoica de modelos alternativos de família. Existe a tentativa de reescrever a história e transformar torturadores em heróis. Há a tentativa de introduzir o criacionismo. Tomás de Torquemada em vez de Charles Darwin.

E, como se fosse uma sátira, no Brasil de 2018 há a homenagem a um pseudocientista na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que defende a teoria de que a Terra seria plana, ou "convexa", e não redonda. A moção de congratulação concedida ao pesquisador foi proposta pelo presidente da AL e aprovada por unanimidade pelos parlamentares.

Brasil, um país do passado. 

Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para os jornais Tagesspiegel (Berlim), Wochenzeitung (Zurique) e Wiener Zeitung. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.

O Filho do Anticristo



O FILHO DO HOMEM

Memélia Moreira

Ou as Organizações Globo contratam um jornalista para acompanhar o filho do homem ou vão continuar pagando mico comas notícias divulgadas pelos press-releases da assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro e seu périplo hilariante pelos corredores da Casa Branca em Washington.

Na segunda-feira, o jornal "O Globo" diz

"WASHINGTON - Após se reunir com assessores do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, o deputado Eduardo Bolsonaro , filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, afirmou que estuda parcerias com os EUA para pesquisar crimes financeiros das "ditaduras venezuelana e cubana".

Aí você procura, remexe e não descobre no texto quem são esses "assessores da Casa Branca". E menos ainda de quem são assessores. De Melanie? De Ivanka? De Trump? Ou são apenas assessores do assessor de Segurança Nacional de Trump, John Bolton (um cara à direita de Hitler)?

Aí, você entra no site da Casa Branca, procura os nomes dos assessores de Bolton. Acha e, faute d´autre chose, telefona para o gabinete de cada um para saber se um tal Mister Bolsonaro esteve por lá. Mister who? Do outro lado da linha, secretários ou secretárias pensam que é trote. Você pede desculpas.

Ah, sim, no final da matéria de segunda-feira, o deputado filho do homem faz delcarações depois de uma reunião "no Departamento do Tesouro". Alô Sérgio Moro!, Alô Carlos Guedes! Segurem o homem que ele está solto.

Aí vem a matéria de "O Globo" na terça-feira com novas declarações de Eduardo Bolsonaro, o genérico do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o homem que acredita na influência de Marx (1818-1883) sobre a Revolução Francesa (1789).

Diz o filho do homem

"WASHINGTON - O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, confirmou nesta terça-feira em Washington que a embaixada brasileira em Israel será transferida de Tel Aviv para Jerusalém. O tema é controvertido e foi objeto de idas e vindas de Jair Bolsonaro antes e depois das eleições. A decisão contraria resoluções da ONU segundo as quais o status final da cidade deve ser decidido em negociações com os palestinos."

E aí vem o ridículo dos ridículos. Uma foto do filho do homem, saindo a pé da entrada onde param os carros cujos passageiros vão à Casa Branca com audiência marcada. Com um boné da campanha de Trump para 2020 (você pode comprar nos kiosks ao redor da Casa Branca ou receber de presente durante uma visita turística), cabeça baixa de quem se frustrou, um microfone da G1 na frente, atrás, várias pessoas rindo. Não sei se riem da situação de um anônimo ser entrevistado, se do boné ou, quem sabe de Trump que saiu do Salão Oval para brincar de Amarelinha nos jardins da Casa Branca.

Hoje, finalmente, uma matéria com informações precisas. É da Folha de São Paulo.

1) Eduardo Bolsonaro esteve em Washington, sim.

2) Eduardo Bolsonaro esteve no aniversário de Steve Bannon, ex-estrategista da campanha de Donald Trump, assessor informal da campanha do pai de Eduardo. Atualmente desempregado, conspirando contra as poucas democracias do planeta e investigado pelo FB por suas tramas com Moscou na campanha de 2016, que elegeu Trump.

3) Eduardo Bolsonaro teve encontros com dois senadores, Ted Cruz, de origem cubana, que acaba de ser eleito para o Texas e tem muito mais o quê fazer pela frente do que cuidar do Brasil e Marco Rubio, filho de cubanos, eleito pela Flórida (ou por Miami, para ser ser mais exato). Os dois não fazem parte do círculo de Trump e foram derrotados na convenção do Partido Republicano que escolheu Donald, o #playboydeperuca.

Nenhuma referência às conversas na Casa Branca.

Esse filho ainda vai perturbar muito. merece ficar de castigo com a cara virada para a parede.

A Folha descartou os releases que O Globo aproveitou.

A FOTO DO BONÉ


#ATENÇÃO

A FILHA DO DONO
Luzia Amélia Jakomeit

Para quem leu meu texto "O FILHO DO HOMEM', uma informação que confirmei agora. Eduardo Bolsonaro se encontrou com Jared Küchner que é marido de Ivonka Trump e assessor do sogro. Há pouco mais de um ano ele tinha um certo poder. Mas foi acusado de ligações perigosas com o "affaire Moscou" (os russos, sempre os russos, teriam interferido nas eleições presidenciais dos EUA que elegeu Trump em 2016) e saiu de cena. Mora com a primeira-filha na Casa Branca e é, vamos dizer, assessor de assuntos gerais", o que no Brasil chamaríamos de Aspone. Quando tinha poder, aprontou um bocado no lobby pró-Israel. Atualmente anda escondido porque o FBI não sai da cola de quem se envolveu com os russos. Tanto Gerard Küchner quanto Steve Bannon foram escanteados depois das acusações. Mas Trump não podia demitir o genro e deixá-lo fazendo palavras cruzadas o dia inteiro. Bannon foi escandalosamente demitido e saiu magoado.

No momento quem atua, sem cargo na Casa Branca no lugar que seria de Bannon é Rebecah Mercer, filha do magnata Robert Mercer, o homem que captou financiamentos para Trump,

A filha do magnata, é assim tipo gênio. Ela e seus amigos costumam se encontrar na estação de ski de Vail, no estado de Colorado e, em julho, convidou os amigos para um jogo chamado "Machine Learning President" que, segundo a revista New Yorker é maios parecido com o jogo "Assassinos" do que com o "Monopólio". E foi ela quem apresentou Bannon para Trump.

Essa sim, tem poder. Além de muita, muita grana.

Bolsonaro presta continência para assessor de Trump


Como é que é? Bolsonaro BATEU CONTINÊNCIA pro ASSESSOR de Segurança de Trump? Estou até vendo quando o Bolsonaro encontrar Trump em pessoa: vai acabar preso por tentar chupar o pau do cara em público.

Pablo Villaça

O Brasil não pode virar uma província talibã


Roberto Amaral

O governo do capitão Messias ameaça mergulhar-nos de corpo inteiro em regressão mais profunda do que aquela que parece acometer o mundo ocidental sob o comando de Trump, seu grande ídolo e inspirador, depois do cel. Brilhante Ustra, o facínora. Se realizar o prometido, assistiremos a cenas dignas dos fanáticos do Estado Islâmico. Reviveremos situações registradas sob o nazifascismo. Experimentaremos as práticas do macarthismo, que agrediram as noções de civilidade firmadas após as catástrofes das guerras mundiais. Mergulharemos na era do ódio à inteligência, como sofreram os espanhóis sob os falangistas.

Viveremos abomináveis perseguições aos escritores, artistas, educadores e cientistas; enterraremo-nos na macabra ofensiva contra a liberdade de expressão, incompatível com as noções de civilidade às quais nos acostumamos – ou quando, menos, aspiramos – na segunda metade do século XX.

Os fundamentalistas de todo jaez detestam a dissonância, o outro, o diferente. Quem discorde de suas proposições é considerado estrangeiro na pátria de que esses senhores se julgam donos. Podemos, assim,  retornar ao “Brasil, ame-o ou deixe-o” dos anos 70, copiado do obscurantismo que tomou conta dos EUA e que desembocou, naqueles idos, na estúpida guerra contra  o povo vietnamita.

(Não nos esqueçamos de que uma rede de televisão comemorou a vitória do capitão reeditando o slogan infame.)

Na contramão do interesse do país e de sua gente, o capitão anuncia, para além de perseguição político-ideológica, o corte de recursos destinados às universidades públicas, a cobrança de mensalidade em instituições federais e progressiva introdução do ensino à distância (por natureza dissociativo) em substituição ao ensino presencial, “foco das pregações marxistas”, segundo esses desatinados.

O anunciado ministro da Educação, cuja existência intelectual só agora se fez conhecida, não fala em mais recursos para sua pasta, não indica metas para  a expansão e melhoria do ensino universitário, da pesquisa e da inovação, sem o que este país não conhecerá o desenvolvimento a que seu povo faz jus. Em seu delírio, o ministro vindouro recita o catecismo da futura administração, cujo centro ideológico é a “escola sem partido”, em substituição à escola que ensina o aluno a pensar, a criticar, a descobrir, a inventar.

O objetivo da educação não seria mais o preparo de jovens para a cidadania, o trabalho, a vida; não teria mais como objetivo a compreensão do papel do indivíduo na construção do mundo (Non scholae sed vita discimus, ensinavam os romanos), mas a superação de uma suposta ‘doutrinação bolivariana’ de índole cientificista, que inocularia em nossos estudantes o vírus da anti-família e da anti-sociedade, do anti-Deus, da antirreligião e do anti-criacionismo.

Assim a má-fé e a ignorância marcham de mãos dadas.

Para o anunciado novo ministro das Relações Exteriores, a Revolução Francesa foi um  projeto comunista avant la lettre;  a globalização, uma artimanha maoísta; o aquecimento global  não passaria de invenção do “marxismo cultural”. O “Ocidente” estaria em perigo e sua salvação dependeria do sucesso de Donald Trump, de cuja geopolítica belicista logo se põe a serviço, em miserável genuflexão, jogando no lixo uma tradição de dignidade que remonta ao Barão de Rio Branco: a da Política Externa como projeção dos nossos interesses e de nossa soberania.

Regressamos – o que até há pouco parecia inimaginável –  aos tempos do general Juracy Magalhães, embaixador de Castello Branco e da ditadura militar em Washington, a quem se deve essa joia de vassalagem: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.

O futuro chanceler é um poço sem fundo de anacronismo e paranoia. Suas tiradas sem cabimento expõem o país ao ridículo. Sua pauta de atuação, declara em artigo na Gazeta do Povo é o combate das  “pautas abortistas e anticristãs” e das tentativas de  “destruição da identidade dos povos por meio da imigração ilimitada”. Promete extirpar da Política Externa a defesa da  “laicidade” e da diversidade, a contestação do patriarcado e da diferenciação dos sexos, bandeiras que conjuga  sob o conceito de “antinatalismo” – que, alienista alienado, acredita ser uma invenção da esquerda.

O capitão, seu chefe, na cediça linha de antecipar serviços à Casa Branca, proclama a filiação  brasileira à política anti-China de Trump, ignorando que se trata de nosso maior investidor (e dizem que as ‘reformas’ visam a atrair capital estrangeiro!) e nosso principal mercado importador; declama desprezo pelo Mercosul, o maior importador de nossos manufaturados, em tempos de gravíssima crise industrial. Pensando em agradar a Trump, ameaça segui-lo nas provocações contra os palestinos, ignorando serem  os árabes os maiores importadores de proteína animal brasileira,. O filho deputado, em Washington, na sequência de encontro com Jared Kushner (conselheiro sênior da Casa Branca), anuncia o Irã (depois da China, de Cuba e de Venezuela) como o mais novo alvo de nossa Política Externa. Significativamente, deixa-se fotografar com um boné da campanha de Trump para 2020.

 Além de vexame internacional, trata-se da sabotagem de nossos interesses econômicos indiscutíveis.

A condução imperial de nossa política econômica, como sempre, e desta vez como nunca, é capturada pelo rentismo e pelo ‘mercado’, doravante, e mais que nunca, senhores de baraço e cutelo de nossas vidas.

Por sua vez, o ‘posto Ipiranga’, jejuno em gestão pública (já demonstrou desconhecer até mesmo o trâmite da Lei Orçamentária…), anuncia uma privatização geral e universal, sem limites, sem razão, sem nexo, sem preocupação com as responsabilidades sociais do Estado e mesmo sem cuidado com aspectos da Defesa nacional, em que pese a presença dominante de militares nos postos chaves da República e no entorno do futuro presidente. A consequência da privatização irresponsável  será a destruição dos últimos instrumentos de atuação do  Estado como indutor do desenvolvimento, muitos desses instrumentos montados ao longo de décadas, inclusive com o auxílio dos próprios colegas de  farda.

Por trás de tudo estão empresas e bancos de negócios dos Chicago boys brasileiros que integram a equipe do plenipotenciário ministro da Economia, depois de se reciclarem na Fundação Getúlio Vargas e ganharem fortunas no mercado de compra-e-venda de ativos.

Teremos saudades da privataria tucana.

Está em curso um projeto de poder que visa a destruir o futuro autônomo da nação brasileira, fazendo-a retornar aos tempos de Colônia, mero território produtor de matérias necessárias ao consumo das metrópoles: minérios, açúcar, café a que se agregam petróleo bruto, alimentos em grão, e  o papel de montador de componentes importados. Esse  colonialismo – econômico, cultural, ideológico, militar – prossegue na extração da renda e da riqueza nacionais, relegando-nos à subalternidade frente às grandes potências.

Esse projeto derroga nossos anseios de independência, desenvolvimento e soberania, e acena com um governo guiado por um  breviário que sincretiza fundamentalismo pentecostal, regressão política e autoritarismo. Levado a cabo,  transformaria  um dos mais belos e promissores  países do mundo numa província talibã.

Cabe-nos, porém,  impedir que o passado se imponha ao futuro e que o atraso derrote o progresso. O caminho é o da organização e da unidade em torno da defesa da democracia e do progresso social, e nosso instrumento de luta, hoje (como foi no passado recente), é a frente ampla, reunindo todos os democratas. Neste momento e em face da grandeza do desafio, a preeminência de divergências secundárias equivale a um ato de traição.

Marielle – Quando conheceremos os nomes dos mandantes de seu assassinato?

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Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

Encontro de sociopatas: John Bolton e Bostonaro


Não há país no mundo civilizado onde o corrupto Sérgio Moro pudesse estar fora da cadeia


Moro num país tropical
Janio de Freitas

A torrente de acusações judiciais que, de repente, voltou a cair sobre Lula, Dilma Rousseff e até Fernando Haddad —em contraste com o presente antecipado de libertação do delator Antonio Palocci— até agora não teve êxito algum em sua função extrajudicial. Não fez parecer que a continuidade de acusações nega a finalidade, nas anteriores à eleição, de impedir a candidatura de Lula e sua previsível vitória.

O próprio beneficiário do efeito extrajudicial, Sergio Moro, facilitou o fracasso. Ao renegar a afirmação de que jamais se tornaria político, e incorporar-se ao governo que ajudou a eleger, mais do que desmoralizou o seu passado de juiz —como disse que aconteceria, se passasse à política. Tornou mais desprezível a imagem do futuro governo e do país exposta a cada dia pela imprensa mundial.

Voltamos a ser um país com algumas originalidades musicais, carnavalescas, geográficas, mas um país atrasado de um povo atrasado. E não há o que responder.

Onde, no mundo não atrasado, um juiz faria dezenas de conduções coercitivas ilegais, prisões como coação ilegal a depoentes, gravações ilegais de acusados, parentes e advogados, divulgação ilegal dessas gravações, excesso ilegal de duração de prisões, e sua impunidade permanecesse acobertada por conivência ou medo das instâncias judiciais superiores? Condutas próprias de ditadura, mas em regime de Constituição democrática.

No mundo não atrasado, inexiste o país onde um juiz pusesse na cadeia o líder da disputa eleitoral e provável futuro presidente, e deixasse a magistratura para ser ministro do eleito por ausência do favorito.

O juiz italiano da Mãos Limpas tornou-se político, mas sua decisão se deu um ano e meio depois de deixar a magistratura. Moro repôs o Brasil na liderança do chamado subdesenvolvimento tropical, condição em que a Justiça se iguala à moradia, à saúde, à educação, e outros bens de luxo.

A corrupção financeira tem equivalentes em outras formas de corrupção. A corrupção política, com transação de cargos ou postos no Legislativo, por exemplo. A corrupção sexual, a corrupção do poder das leis por interesses políticos ou materiais. Combater uma das formas não gera a inocência automática em outras.

A maneira mesma de combater a corrupção pode ser corrupção imaterial. Ao falar dessa variedade de antiética e imoralidades, no Brasil fala-se até do Supremo Tribunal Federal. A transação do seu presidente, Dias Toffoli, e do ministro Luiz Fux com Michel Temer, para um aumento em que os primeiros e maiores beneficiários são os ministros do STF, ajusta-se bem a diversos itens daquela variedade.

Sergio Moro é dado como futura nomeação de Bolsonaro para o Supremo. Muito compreensível.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Desmoralização


Claudio Guedes

Não precisava de mais este ato.

Para qualquer observador minimamente atento, e com um pouquinho de inteligência, a encenação montada pelo TRF-4 para justificar a condenação no "julgamento" dos recursos do ex-presidente Lula (um espetáculo deprimente da justiça) seria suficiente para escancarar um sistema de justiça que não se dá o devido respeito.

O que pode ser mais desmoralizante que assistirmos, numa ação do estado x um cidadão, prazos serem acelerados para prejudicar o réu, votos combinados para diminuir as suas chances de recursos, uma opulência de auto-elogios aos próprios pares e ao juízo de 1° Instância e, por último e mais importante, o descaso quanto à apresentação de um conteúdo probatório mínimo que justificasse a condenação do réu.

Poderia existir algo ainda mais desmoralizante?

Sim.

É o Brasil, versão 2018. O fundo do poço é inalcançável.

Na montagem das farsas sequer há agora a preocupação com as aparências, como se o uso do imenso arsenal coercitivo da justiça para perseguir desafetos políticos e ideológicos fosse algo normal, algo socialmente aceitável.

Palocci, o ex-ministro de governos do PT que revelou-se um corrupto, que demonstrou gostar mais de dinheiro do que de política, e que encenou as mais patéticas e vergonhosas cenas do já desmoralizado instituto de "delação premiada", acaba de ser devidamente agraciado.

Destruíram o cidadão (o cometimento de um crime, a investigação, o julgamento e a punição não retira de ninguém a sua condição de cidadania). O transformaram num delator lacaio, com a condição que da sua boca saíssem acusações aos ex-presidentes da República Lula e Dilma.

O prêmio? A sua liberdade.

Saíram as acusações: nenhuma prova, nenhuma evidência com alguma razoabilidade. Nada. Torpeza, simples ação vil. Ápice do ridículo, do teatral, da vulgaridade na armação: Palocci afirmando que o ex-presidente Lula e o maior acionista do Grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, fizeram um pacto de sangue. Dizem que os italianos mafiosos o fazem, mas os que armaram o circo se esqueceram que Lula é nordestino e Emílio Odebrecht também - é baiano, descendente de prussianos. O "italiano" era o delator. Nem de roteiro são competentes.

Mas ele, Palocci, o patético trapo humano, será premiado.

O premiado e os que o premiaram se merecem. Compuseram uma das mais grotescas páginas da história da justiça (sic) no país.

JurINprudência


Chola mais, kkkkk

Fernando Horta

Um amigo, funcionário do Banco do Brasil me liga e lá pelas tantas, me vem com esta:
"- Aqui no Banco é dada como certa a privatização e as demissões. Tem gente revoltada. Eu mesmo, tu sabe, votei nele e agora?.
- Pois é ...
- Então eu estava pensando que você tem alguma visibilidade e contatos, se a gente pudesse fazer manifestações para defender o banco ... aqui muita gente agora apoia ...
- Ahhh, pois é ...
- Então, o que acha que podemos fazer?" - Me pergunta ele ...
Não aguentei ... que me perdoem São Marx e São Lênin ...
"- Meu caro, o que posso te dizer ... acho que vocês poderiam fazer como fizeram durante a campanha ...
- Você diz irmos para as redes sociais?
- Não, faz "arminha com a mão" e diz "Chola mais, kkkkk" ... Vê se funciona ..."
Provavelmente perdi o amigo, mas não devemos estragar a política por causa de amizades, não é?

Nova Ordem


Estados Unidos querem matar a China de fome destruindo o Brasil e a Argentina

Nilson Lage

A campanha contra os países árabes e a China, insensatez econômica e política que se tenta justificar com argumentos ideológicos, reforça uma hipótese que me acompanha há meses.

Creio que a intervenção dos Estados Unidos no Brasil, Paraguai e Argentina objetiva, além dos ganhos já visíveis – como o sequestro do petróleo e a interrupção de avanços tecnológicos (no caso da Embraer, por exemplo) – controlar a exportação de commodities agrícolas.

Um dos componentes atuais da agressão americana ao mundo é o uso do sistema internacional de transações financeiras para ampliar os bloqueios econômicos que impõe, incluindo o ingresso de alimentos nos países visados pelo império. Isso foi evidenciado em declaração do Secretário de Estado, Mike Pompeo, referindo-se ao Irã.

Os três países sul-americanos são os principais competidores dos Estados Unidos no mercado de commodities agrícolas, em particular a soja, que a China importa em grande volume e considera essencial a sua segurança alimentar. Juntos, dominam amplamente o mercado.

“Matar de fome” a China seria um golpe de mestre na guerra comercial (os chineses transferiram para Brasil e Argentina as compras que faziam nos Estados Unidos), mas também um golpe de morte na economia desses países vassalos.

Isso certamente não preocupa os aloprados ideólogos do neomedievalismo, os enriquecidos marajás de toga; deveria preocupar os barões do agronegócio e os militares da linha dura incorporados ao regime, no entanto consolados pela histórica veneração ao império norte-americano.

Chanceler do Reich Bozonazista está irritado

A viagem do chanceler

Bernardo Mello Franco

O novo chanceler está irritado. Ernesto Araújo não gostou das críticas à sua escolha para o Itamaraty. Nessa ele tem razão. Em geral, as reações foram de preocupação e espanto. Fora da bolha bolsonarista, ninguém esperava ver um militante da alt-right no comando da política externa brasileira.

As críticas deveriam ter convencido o futuro ministro a moderar o tom. Ele escolheu o caminho oposto. Em artigo na “Gazeta do Povo”, voltou a se apresentar como um cruzado contra “pautas abortistas e anticristãs”. Também atacou o “alarmismo climático”, como se os estudos sobre o aquecimento global fossem meros boatos de WhatsApp.

Araújo se aproximou do mundo real ao comentar a repercussão da sua escolha. “Alguns jornalistas estão escandalizados, alguns colegas diplomatas estão revoltados”, constatou. Depois voltou a orbitar o seu mundo particular, onde o “marxismo cultural” estaria por trás de uma trama “para que as pessoas não nasçam”.

Dirigindo-se a um interlocutor imaginário, o novo chanceler julgou necessário informar que não precisa de uma camisa de força. “Quando me posiciono, por exemplo, contra a ideologia de gênero, contra o materialismo, contra o cerceamento da liberdade de pensar e falar, você me chama de maluco”, queixou-se.

Depois ele retomou a pregação contra as Nações Unidas, que o Brasil ajudou a fundar depois da tragédia da Segunda Guerra. “No idioma da ONU, é impossível traduzir palavras como amor, fé e patriotismo”, escreveu.

Enquanto Araújo defende ideias exóticas e bajula o novo chefe, prometendo se guiar por sua “mão firme e confiante”, cresce a sensação de o Itamaraty pode ter papel decorativo em sua gestão.

Ontem o deputado Eduardo Bolsonaro assumiu funções de chanceler e anunciou um regime de metas comerciais para os embaixadores. Os que “não trouxerem resultado”, disse, serão removidos de seus postos.

Em visita a Washington, o filho do presidente desfilou com um boné onde se lia a inscrição “Trump 2020”. A turma ainda não subiu a rampa do Planalto e já quer decidir o próximo ocupante da Casa Branca.

Ernesto Araújo está irritado com as críticas. Em vez de moderar o tom, o futuro ministro reforçou a pregação contra o ‘alarmismo climático’ e as ‘pautas anticristãs’